Com Viking e AstraZeneca, pílulas para obesidade buscam desafiar domínio do Ozempic

Dados sobre novos avanços de pesquisas sobre medicamentos para perda de peso movimentam o mercado que pode chegar a US$ 130 bilhões até o final da década

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Bloomberg — Os dados sobre avanços de pílulas contra obesidade divulgados pela Viking Therapeutics e pela AstraZeneca em uma grande conferência prenunciaram um cenário cada vez mais competitivo para as terapias de perda de peso, movimentando as ações das empresas farmacêuticas do setor.

As ações da Viking perderam até 12% nesta segunda-feira (4), a maior queda desde agosto, depois de ganharem até 8,5% em Nova York com dados promissores do estágio inicial.

Essas ações caíram quando a AstraZeneca apresentou dados sobre outra pílula que mostrou benefícios semelhantes para a perda de peso.

As ações dos fabricantes de injeções contra a obesidade Eli Lilly e Novo Nordisk caíram, enquanto as da AstraZeneca fecharam em Londres sem grandes alterações.

As ações da Viking quadruplicaram neste ano até sexta (1), impulsionadas por uma aposta em Wall Street de que a próxima onda de crescimento no mercado contra a obesidade se dará por meio de pílulas mais fáceis de tomar, que prometem maior conveniência e, potencialmente, menos efeitos colaterais.

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As pílulas também podem manter mais pacientes tomando os medicamentos por mais tempo, um potencial impulsionador de vendas com impacto no longo prazo.

Corrida entre farmacêuticas

Os resultados aumentam a intensidade da corrida entre as grandes empresas farmacêuticas e as pequenas empresas iniciantes de biotecnologia para o lançamento de pílulas contra a obesidade que poderiam trazer mais pessoas para um mercado estimado em US$ 130 bilhões até o final da década.

E os investidores ficaram preocupados com a capacidade da Viking de produzir seu medicamento em quantidades suficientes para satisfazer a demanda potencial, de acordo com Joon Lee, analista da Truist Securities.

Os dados de eficácia e segurança do estudo da Viking, divulgados no domingo (3) em uma conferência do setor, mostram que uma pílula contra a obesidade poderá ser uma realidade em breve.

As pessoas que tomaram doses de 100 miligramas da pílula da Viking perderam, em média, 6,8% do peso corporal após 28 dias em um estudo em estágio inicial com 92 pessoas, em comparação com aquelas que tomaram um placebo, de acordo com uma apresentação no encontro ObesityWeek.

O medicamento também foi “bem tolerado, com apenas casos leves de náusea e nenhuma descontinuação de pacientes”, disse Michael Shah, analista da Bloomberg Intelligence, em uma nota.

Os efeitos colaterais foram semelhantes aos de outros medicamentos contra a obesidade. Os resultados sugerem que a empresa poderia passar para um teste de estágio intermediário no quarto trimestre, disse Shah.

No entanto a AstraZeneca divulgou dados na mesma conferência mostrando que os pacientes com diabetes tipo 2 perderam uma média de 5,8% do peso corporal ao longo de quatro semanas em um estudo inicial de sua pílula GLP-1, AZD5004.

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A redução foi importante, disse a fabricante britânica de medicamentos, uma vez que esses pacientes normalmente apresentam menor perda de peso com GLP-1s em comparação com pacientes obesos sem diabetes.

A AstraZeneca quer combinar seus medicamentos para perda de peso com outros produtos de seu portfólio, inclusive medicamentos para tratar doenças cardíacas.

A Novo Nordisk também está desenvolvendo uma pílula para perda de peso que, segundo a empresa, ajuda os pacientes a perder quase tanto peso quanto a injeção Wegovy.

A Lilly está em testes clínicos avançados para seu medicamento oral, o orforglipron, que produziu uma perda média de cerca de 15% do peso corporal em 36 semanas quando administrado diariamente na dose mais alta para adultos com obesidade, de acordo com um estudo de estágio intermediário publicado no ano passado.

Entre os fabricantes de medicamentos, a Pfizer também tem pílulas em desenvolvimento.

Superando as expectativas

Os dados sobre perda de peso da Viking superaram as expectativas dos investidores, aumentando as chances de uma empresa farmacêutica maior comprar a biotecnologia, de acordo com Andy Hsieh, analista da William Blair.

A Viking, com sede em San Diego, foi cofundada em 2012 pelo CEO Brian Lian, que foi cientista pesquisador de câncer e doenças endócrinas na Amgen antes de se tornar analista da SunTrust Robinson Humphrey, com foco em diabetes e outras doenças.

A empresa também está desenvolvendo medicamentos para doença hepática não alcoólica e outras doenças.

"Embora reconheçamos que é arriscado basear nossa tese de investimento em uma eventual aquisição, a perspectiva é razoavelmente alta", disse Hsieh.

-- Com colaboração de Lisa Pham e Ashleigh Furlong.

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