Bloomberg — Quando a “revisão especial” do índice Nasdaq 100 foi anunciada para conter o domínio crescente das maiores ações de tecnologia, a Meta Platforms (META) foi a única megacap a cair abaixo do limite definido que evitaria uma redução de seu peso no cálculo do índice. Mas agora tudo indica que a gigante da mídia social perderá representação de qualquer maneira.
O peso da Meta no índice está flertando de novo com os 4,5%, nível chave que seis outras empresas romperam depois que a revisão foi divulgada em 3 de julho.
Isso significa que, se os pesos dessas ações maiores, que estão acima disso, fossem reduzidos e redistribuídos para outros membros do índice, a empresa fundada por Mark Zuckerberg seria elevada ao tamanho que o balanceamento pretendia combater desde o início. Assim, a Meta também terá seu peso revisado.
A Nasdaq divulgou na sexta-feira (14) passada os dados revelando os ajustes que os membros do índice receberão na reformulação. Eles mostram que a Meta terá uma revisão para baixo ao lado da Apple, Microsoft, Alphabet, Nvidia, Amazon e Tesla.
Os detalhes têm sido objeto de especulação frenética entre investidores e analistas, porque os gestores com centenas de bilhões referenciados no índice precisarão comprar e vender em massa para imitar as mudanças. E embora a metodologia de reequilíbrio seja pública, ela está sujeita a várias interpretações e se tornou uma fonte de confusão.
Na Wells Fargo, a equipe previu que o peso do Meta seria reduzido. Mais tarde, eles retiraram essa visão, antes de finalmente descobrirem que sua opinião inicial estava correta.
“O caso da Meta foi um pouco complicado. Inicialmente a equipe pensou que o peso das ações seria limitado e depois recuou dessa visão”, disse Chris Harvey, chefe de estratégia de ações do banco. “Faz mais sentido intuitivamente desta forma”, pois, se não for reduzido, comprometeria todo o objetivo de lidar com a superconcentração, disse ele.
Prever os novos pesos das ‘megacaps’ continua sendo um negócio complicado, já que seu valor de mercado mudará diariamente até que o reequilíbrio entre em vigor na próxima segunda-feira.
Usando 3 de julho como data de referência e dados de segunda-feira para o ajuste planejado, os sete maiores constituintes veriam sua representação combinada cair de 55,1% para 43,7%, segundo um porta-voz da Nasdaq.
Espera-se que a Microsoft e a Nvidia experimentem as maiores reduções, cada uma caindo cerca de 3 pontos percentuais para 9,8% e 4,3%, respectivamente. A Apple recuperará o primeiro lugar, com uma queda relativamente pequena de 1 ponto percentual para 11,5%.
Os pesos reduzidos das sete maiores serão distribuídos para o restante do índice, com a Broadcom, Adobe, PepsiCo e Costco se beneficiando mais.
O balanceamento especial destina-se a impedir que os gestores de fundos vinculados ou referenciados ao Nasdaq violem a regra de diversificação regulatória. Para cumprir a restrição, um artigo no site da Nasdaq diz que os pesos podem ser reduzidos se a influência combinada das maiores empresas – aquelas que representam 4,5% ou mais do indicador – somar mais de 48%. Um reequilíbrio pode ser decretado para reduzir a influência do grupo para 40%.
Esse reequilíbrio é consequência do rali implacável das ‘big techs’, responsável por quase todos os ganhos do amplo mercado neste ano.
A natureza da dinâmica de retorno com esses fortes pesos tornou difícil para os gestores de recursos superar benchmarks como o S&P 500 e o Russell 1000. Menos de um terço dos fundos de grande capitalização rastreados pelo Goldman Sachs estão superando os índices no acumulado do ano.
“O desempenho superior das maiores ações e seus pesos crescentes nos índices de referência levaram a subponderação persistente dos fundos mútuos nessas ações, o que, por sua vez, criou grandes obstáculos aos retornos relativos dos fundos”, escreveram estrategistas do Goldman liderados por David Kostin em nota. “É improvável que o reequilíbrio especial do NDX resolva o desafio que a elevada concentração atual do mercado representa para muitos investidores de referência”.
-- Com a colaboração de Joana Ossinger.
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