Com perspectiva de corte de juro, preço do ouro ganha força e supera US$ 2.500

Cotação inédita em termos nominais é atingida no momento em que o rendimento de títulos americanos perde força; valorização do metal chega perto de 20% neste ano

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Por Yvonne Yue Li
17 de Agosto, 2024 | 01:06 PM

Bloomberg — A cotação do ouro ultrapassou a marca de US$ 2.500 a onça pela primeira vez, impulsionada pela expectativa de que o Federal Reserve esteja cada vez mais próximo de cortar as taxas de juros.

O ouro à vista subiu até 1,8% na sexta-feira (16), o que levou a cotação acima do recorde anterior estabelecido no mês passado, depois que uma leitura considerada decepcionante sobre o mercado imobiliário dos Estados Unidos reforçou as expectativas de cortes rápidos e mais profundos por parte do Fed. Taxas mais baixas são geralmente positivas para o ouro, uma vez que ele não paga juros.

O metal precioso subiu cerca de 20% em valor neste ano, em meio ao crescente otimismo sobre a flexibilização monetária e as grandes compras pelos bancos centrais.

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Há também um aumento na demanda global como um ativo de refúgio devido ao aumento dos riscos geopolíticos, incluindo as tensões no Oriente Médio e o persistente conflito da Rússia com a Ucrânia.

O ouro começou a subir de preço no início do ano, para surpresa de analistas experientes e veteranos, já que nem sempre houve um catalisador macroeconômico claro para justificar a alta dos preços. E sustentou esses ganhos mesmo quando os traders reduziram as apostas sobre o momento dos cortes nas taxas.

Mais recentemente, o ouro subiu diante da expectativa de que as autoridades dos EUA comecem a reduzir as taxas em breve - há um consenso de que esse momento será na reunião do Fed em setembro.

Cotação do ouro supera pela primeira vez o patamar de US$ 2.500 a onça

Uma série de dados dos EUA sobre as atividades econômicas recentes convenceu os mercados de que o banco central dos EUA está prestes a reduzir os custos de empréstimos de um patamar que é o mais alto em mais de duas décadas, enquanto fatores convencionais que afetam o preço do metal voltam à tona.

Ainda há um debate sobre a profundidade dos cortes das taxas pelo Fed, já que algumas leituras econômicas recentes deram sinais conflitantes sobre a situação da economia dos EUA.

Os investidores em ouro são “tipicamente mais propensos a pensar que o Fed será mais agressivo na frente da acomodação monetária”, disse Bart Melek, chefe global de estratégia de commodities da TD Securities.

Os preços podem subir ainda mais para US$ 2.700 nos próximos trimestres, já que “os fatos macroeconômicos e monetários e os do banco central estão se alinhando”, disse ele.

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Posicionamento do investidor

Os especuladores aumentaram suas apostas líquidas de alta nos futuros de ouro da Comex, para a maior alta em quatro anos em meados de julho, antes de reduzir parte da posição, segundo dados da Commodity Futures Trading Commission.

Enquanto isso, as participações de ouro em fundos negociados em bolsa - os ETFs -= aumentaram nos últimos meses, após dois anos de saídas, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Na sexta-feira, traders avaliaram os dados econômicos mais recentes em busca de pistas sobre as perspectivas para a política do Fed. Os números mostraram que a construção de novas casas nos EUA caiu em julho, para o nível mais baixo desde o rescaldo da pandemia, já que os construtores respondem à fraca demanda.

Esse "é outro indicador de que uma recessão está a caminho", disse Bob Haberkorn, estrategista sênior de mercado da RJO Futures. O Fed reduzirá as taxas "e irá mais longe do que o esperado anteriormente".

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