Bloomberg — O UBS (UBS) registrou entre abril e junho o maior lucro trimestral de todos os tempos para um banco, resultado de sua aquisição emergencial do Credit Suisse, e confirmou que integrará totalmente os negócios locais de seu antigo rival até o próximo ano.
O ganho contábil de US$ 29 bilhões é resultado da diferença entre o preço de US$ 3,8 bilhões que o UBS pagou pelo Credit Suisse e o valor do balanço patrimonial do concorrente. E o lucro combinado subjacente atingiu US$ 1,1 bilhão no trimestre. O UBS agora comanda cerca de US$ 5 trilhões em ativos de clientes, consolidando seu status como uma potência global em gestão de patrimônio.
Ao divulgar os primeiros resultados trimestrais combinados do UBS-Credit Suisse nesta quinta-feira (31), o banco sediado em Zurique disse que:
- O banco terá como meta uma economia de custos de mais de US$ 10 bilhões até o final de 2026
- O UBS registrou entradas líquidas de dinheiro novo de US$ 16 bilhões no trimestre
- Os fluxos de saída do Credit Suisse diminuíram para 39 bilhões de francos suíços (US$ 44,4 bilhões)
- O banco observa um aumento na atividade dos clientes e espera que os influxos de novos ativos continuem.
Quase três meses depois de fechar o acordo para adquirir o Credit Suisse, o CEO do UBS, Sergio Ermotti, está concentrado na implementação de uma das maiores fusões já realizadas no setor financeiro global. A tarefa deverá envolver milhares de cortes de empregos e está repleta de riscos legais, potencial de aumento de custos e controvérsias políticas, à medida que se aproximam as eleições na Suíça.
“Essa combinação reforçará nosso status como uma franquia global de primeira linha, da qual nosso mercado doméstico, a Suíça, pode se orgulhar”, disse Ermotti na divulgação de resultados na quinta. “Somos humildes com essa tarefa e com a responsabilidade que nos foi confiada.”
O preço das ações do UBS subiu 40% neste ano, tornando-o o banco europeu mais mais valioso. O ganho contábil do trimestre eclipsa o lucro de US$ 14,3 bilhões do JPMorgan Chase no primeiro trimestre de 2021, o recorde moderno para credores americanos e europeus.
As ações do UBS superaram os 7% de alta na abertura dos negócios em Zurich. Nicolas Payen, analista da Kepler Cheuvreux, escreveu em uma nota que o ganho contábil de US$ 29 bilhões foi menor do que o esperado após as perdas operacionais do Credit Suisse e um ajuste do preço de compra, mas a estabilização dos negócios estava acontecendo mais rapidamente do que o estimado.
O UBS pôs fim a meses de especulação sobre o futuro da unidade doméstica do Credit Suisse, anteriormente a mais consistentemente lucrativa de suas unidades. Os dois bancos operarão separadamente até a fusão legal planejada para 2024, informou o UBS.
A marca Credit Suisse permanecerá em vigor até que os clientes sejam transferidos para os sistemas do UBS, o que está previsto para 2025.
Ermotti, um veterano do UBS que passou seu primeiro período como CEO transformando o banco em um modelo de gestão de patrimônio após seu quase fracasso na crise financeira de 2008, está bem ciente das sensibilidades políticas que cercam o acordo com o Credit Suisse.
Em uma medida surpreendente neste mês, o UBS decidiu abrir mão voluntariamente de uma rede de segurança negociada como parte da compra, incluindo uma proteção governamental de 9 bilhões de francos (US$ 9,4 bilhões). Essa medida dá ao banco mais flexibilidade, inclusive sobre as franquias domésticas.
Ao mesmo tempo em que sinaliza a força subjacente de seus negócios, o UBS agora prepara os investidores para o processo de integração de seu rival, que deverá estar “substancialmente concluído” até o final de 2026.
O banco almeja um índice de custo/rendimento inferior a 70% até o final de 2026. Disse que prevê um lucro subjacente antes dos impostos para o grupo no terceiro trimestre em torno do ponto de equilíbrio.
O UBS já havia informado que as reduções nos ativos do Credit Suisse poderiam chegar a cerca de US$ 13 bilhões e que os passivos legais poderiam chegar a US$ 4 bilhões no primeiro ano da integração.
O UBS disse que a unidade de liquidação, que abriga negócios trazidos do Credit Suisse que não são compatíveis com sua estratégia, tinha aproximadamente US$ 55 bilhões de ativos ponderados pelo risco no final do trimestre. Cerca de US$ 8 bilhões em posições foram retirados durante o trimestre.
O UBS disse que seu negócio global de gestão de patrimônios continuou a registrar fortes fluxos de entrada, com o valor de US$ 16 bilhões anunciado como a maior cifra no segundo trimestre em mais de uma década. Os fluxos de fundos de clientes na unidade de patrimônio do Credit Suisse tornaram-se positivos em junho. A divulgação registra o último trimestre do Credit Suisse como uma empresa independente.
“O UBS enfrenta claramente uma enorme tarefa para reestruturar o Credit Suisse, integrando funcionários importantes, retendo clientes e migrando-os para seus próprios sistemas, resolvendo os problemas de litígio do CS etc.”, escreveram os analistas da Vontobel Holding AG em uma nota. “Isso exigirá muito tempo e atenção da administração.”
-- Colaboraram Alessandro Speciale e Allegra Catelli.
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