Com guerra comercial, até otimistas de Wall St ‘jogam a toalha’ e reduzem previsões

Os estrategistas do Deutsche Bank, liderados por Bankim Chadha, ficaram desanimados com tarifas e reduziram sua projeção para o S&P 500 no final do ano em 12%, para 6.150 pontos

Os estrategistas do Deutsche Bank, liderados por Bankim Chadha, ficaram desanimados com tarifas e reduziram sua projeção para o S&P 500 no final do ano em 12%, para 6.150 pontos (Foto: Christopher Goodney/Bloomberg)
Por Michael Msika
24 de Abril, 2025 | 02:35 PM

Bloomberg — Um dos maiores otimistas de Wall Street está jogando a toalha em relação à expectativa de grandes ganhos neste ano ao ver as tarifas atingindo as empresas americanas com mais força.

Os estrategistas do Deutsche Bank, liderados por Bankim Chadha, reduziram sua projeção para o S&P 500 no final do ano em 12%, para 6.150 pontos. Embora isso represente 14% de alta em relação ao fechamento de quarta-feira, significa que o índice apenas recuperará as perdas sofridas desde o pico de fevereiro. Até esta mudança, eles tinham uma das visões mais otimistas para o índice de referência.

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A equipe de Chadha também prevê uma queda de 5% nos lucros das empresas do S&P 500 neste ano, em comparação com o consenso de mercado que espera um crescimento de 8%.

“Com o impacto potencial das tarifas anunciadas sendo grande e provavelmente recaindo desproporcionalmente sobre as empresas dos Estados Unidos, reduzimos nossa estimativa de lucro por ação do S&P 500 para 2025 de US$ 282 para US$ 240”, escreveram em uma nota os estrategistas, acrescentando que a visão consensual corre o risco de novos rebaixamentos.

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Fonte: Bloomberg

As ações dos EUA estão sofrendo o impacto das políticas comerciais agressivas do presidente Donald Trump, que prejudicaram a confiança nos ativos americanos. Uma suspensão dos anúncios iniciais desencadeou um rali de alívio, mas o S&P 500 permanece quase 9% mais baixo este ano, e o índice Bloomberg Dollar caiu 6,5%.

Os analistas já estão desanimados com a perspectiva de lucro devido ao risco de uma desaceleração econômica, com a amplitude das revisões de lucros do índice de referência dos EUA — ou estimativas de elevação versus rebaixamento — se aproximando de extremos negativos.

Os estrategistas estimam que as tarifas recém-revisadas elevariam a alíquota efetiva sobre a importação de bens de 2,3% para 26,4%, o que efetivamente implica um aumento de impostos de US$ 800 bilhões. Isso se compara a uma receita total de impostos federais sobre empresas nos EUA de cerca de US$ 500 bilhões em 2024, de acordo com os estrategistas.

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No curto prazo, eles esperam que o S&P 500 seja negociado em uma ampla faixa de 4.600 a 5.600 pontos, dado que o posicionamento das ações caiu para o limite inferior de sua faixa histórica — o que implica que o mercado está propenso a ralis de alívio no caso de um fluxo positivo de notícias. O índice está sendo negociado atualmente a 5.376 pontos.

Para que as coisas melhorem de forma duradoura, o governo dos EUA precisa recuar em sua política comercial atual — algo que os estrategistas veem como provável que aconteça, à medida que a pressão sobre o governo aumenta com a economia começando a se deteriorar. No entanto, quanto mais tempo demorar, maiores são as chances de os sinais de recessão começarem a se manifestar.

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“Uma trégua crível provavelmente precisa de uma queda significativa nos índices de aprovação”, escreveram Chadha e sua equipe. “Após o período inicial de lua de mel, os índices de aprovação tendem a se alinhar com o que está acontecendo na economia e, particularmente, com a confiança do consumidor”, segundo eles.

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