Com China em ‘baixa’, EUA se mantêm à frente na batalha pela liderança global

Antes da pandemia, economistas esperavam que o gigante asiático assumisse e mantivesse a posição de liderança já no início da próxima década. Agora previsão foi adiada

Por

Bloomberg — A China não está mais prestes a superar os Estados Unidos como a maior economia do mundo, e talvez nunca se estabeleça consistentemente no topo, já que a queda da confiança do país se torna mais arraigada.

Isso de acordo com a Bloomberg Economics, que agora prevê que levará até meados da década de 2040 para que o Produto Interno Bruto (PIB) da China ultrapasse o dos Estados Unidos — e mesmo assim, acontecerá por “apenas uma pequena margem” antes de “retroceder”.

Antes da pandemia, eles esperavam que a China assumisse e mantivesse a posição de liderança já no início da próxima década de 2030.

“A China está desacelerando para um caminho de crescimento mais lento mais cedo do que esperávamos”, escreveram os economistas da Bloomberg em uma nota nesta terça-feira (5). “O rebote pós-Covid perdeu força, refletindo um aprofundamento na queda do mercado imobiliário e na perda de confiança na gestão da economia por Pequim. A fraca confiança corre o risco de se tornar enraizada — resultando em um arrasto duradouro no potencial de crescimento.”

Os economistas agora veem o crescimento da economia da China — a segunda maior do mundo —desacelerando para 3,5% em 2030 e para cerca de 1% até 2050. Isso é menor do que as projeções anteriores de 4,3% e 1,6%, respectivamente.

A economia chinesa cresceu 3% no ano passado, uma das taxas de crescimento mais lentas em décadas, à medida que os controles da pandemia e uma crise imobiliária atingiram o país. Sua eventual reabertura trouxe a esperança de que a economia se recuperaria este ano.

Mas a recuperação perdeu força à medida que as exportações caíram e a queda do mercado imobiliário se aprofundou. Uma medição privada do setor de serviços mostrou a atividade diminuindo no mês passado, já que as pessoas se abstiveram de gastar. Economistas consultados pela Bloomberg também estão rebaixando suas previsões de crescimento para 2024, ficando abaixo de 5%.

Esta revisão da perspectiva ocorre à medida que o mundo reconsidera como lidar com uma China, que pode estar se aproximando do pico de seu poder, mesmo que não esteja em declínio.

Os Estados Unidos e as nações do G7 estão cada vez mais examinando evidências de problemas estruturais profundos na China, enxergando oportunidades que, em última análise, fortalecerão a mão do Ocidente contra um concorrente geopolítico enfraquecido, ao mesmo tempo em que consideram os efeitos colaterais da desaceleração. As dificuldades deste ano já estão afetando commodities e ações.

O país também está enfrentando desafios mais profundos e de longo prazo. A China registrou sua primeira queda populacional no ano passado desde a década de 1960, levantando preocupações sobre a enfraquecimento da produtividade. As repressões regulatórias também afetaram a confiança, assim como as tensões geopolíticas com os Estados Unidos e outros governos ocidentais.

Em contraste, os EUA parecem estar em melhor forma do que muitos economistas previam apenas alguns meses atrás. Um mercado de trabalho forte, gastos dos consumidores robustos e uma inflação moderada têm alimentado a confiança na capacidade da economia de evitar uma recessão por enquanto. O Goldman Sachs Group (GS) agora vê uma chance de 15% de os EUA entrarem em recessão, abaixo dos 20% anteriores.

A Bloomberg Economics estima um crescimento potencial dos EUA de 1,7% em 2022-2023, com projeções de longo prazo mostrando um declínio gradual para 1,5% até 2050.

Os economistas da Bloomberg afirmaram que o otimismo para o crescimento da China no médio prazo ainda se baseia no “enorme tamanho da economia, espaço significativo para alcançar líderes globais em tecnologia e no foco de desenvolvimento do governo”. Mas eles observaram que esses impulsionadores estão “operando com força reduzida”.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também:

As ações mais recomendadas para setembro, segundo 13 bancos e corretoras

Depois de 8 meses, ex-CEO da Americanas diz que é ‘bode expiatório’