Cinco coisas que você precisa saber para começar esta sexta-feira, 14 de junho

Investidores brasileiros nesta sexta-feira (14) ficam de olho na divulgação da prévia do PIB referente a abril e continuam a monitorar os próximos passos do governo no campo fiscal

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Bloomberg Línea — Investidores nesta sexta-feira (14) ficam atentos à divulgação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) referente a abril, conhecido como prévia do Produto Interno Bruto (PIB), e nos dados de confiança do consumidor americano medido pela Universidade de Michigan.

Traders no Brasil continuam preocupados com o cenário fiscal do país mesmo depois de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ter tentado convencer o mercado de que o governo pensa também em medidas para conter o aumento dos gastos, e não apenas aumentar impostos.

Na zona do euro, a preocupação com as eleições na França derrubaram as ações nesta semana, o que levou o mercado francês a ter sua maior queda em anos.

Um avanço da extrema-direita ou da esquerda significaria um aumento nos gastos públicos em um momento em que a França já falha em conter seu déficit orçamentário, além de levantar dúvidas sobre o quão comprometido o país está com laços mais estreitos com a União Europeia.

Leia também: Ações na Europa caminham para pior semana desde janeiro com risco político

Na Ásia, o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) manteve as taxas de juros inalteradas.

Confira a seguir cinco destaques desta sexta-feira (14):

1. Preocupação com o cenário fiscal

A semana chega ao fim com investidores preocupados e reavaliando a força do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dentro de um governo em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declara publicamente que pretende gerenciar as contas públicas com aumento de impostos.

“A mensagem de que não haverá controle nos gastos está se tornando cada vez mais clara”, disse Leonardo Monoli, diretor de investimentos da Azimut Brasil Wealth Management, à Bloomberg News. “O ministro da Fazenda parece cada vez mais isolado.”

Haddad sofreu um golpe significativo na terça-feira, quando o líder do Senado, Rodrigo Pacheco, rejeitou uma medida provisória para limitar o uso de créditos tributários de PIS/Cofins para cobrir o custo de uma isenção das contribuições sobre folha de pagamento.

O plano provocou uma ampla reação negativa no Congresso e nas indústrias que dependem fortemente desses créditos, especialmente no setor agroindustrial do Brasil.

O fracasso dessa medida, na avaliação do mercado, aumentou a probabilidade de que Haddad tenha que flexibilizar a meta fiscal do governo para 2024, dado que, por ora, não há plano B para cobrir o custo de R$ 26,3 bilhões da isenção de folha de pagamento, como disse Haddad na terça (11).

2. Juros no Japão

O Banco do Japão decidiu esperar até a reunião de julho para dar detalhes sobre a redução das compras de títulos, o que deixa o iene vulnerável a novas quedas. A decisão do banco central de manter as taxas de juros inalteradas era amplamente esperada, mas os traders ficaram surpresos ao ver que apenas indicaram uma redução nas compras de dívida sem apresentar números ou um cronograma.

Dado que mais da metade dos economistas consultados pela Bloomberg esperava que o banco central começasse a reduzir suas compras em junho, o anúncio foi visto por muitos analistas e investidores como um adiamento na normalização da política monetária, crucial para a recuperação da moeda.

O iene caiu para seu nível mais baixo em relação ao dólar desde abril, antes de reduzir a queda conforme o governador Kazuo Ueda falava em sua entrevista coletiva de imprensa.

Ueda contestou a visão de que o banco central não pode aumentar as taxas de juros em julho ao mesmo tempo em que apresenta seus planos para reduzir as compras de títulos.

Os rendimentos dos títulos do governo de 10 anos seguiram uma trajetória semelhante à da moeda, com perdas antes de recuperar parte do terreno perdido. As ações japonesas fecharam em alta.

3. Mercados

As ações europeias caminham para sua pior semana desde outubro de 2023, devido a preocupações crescentes sobre a turbulência política na França. Os futuros das ações dos EUA caíram depois de uma semana de recordes.

O Stoxx 600 perdia perto de 0,80%, ampliando as perdas desde segunda-feira para 2,2%. O índice CAC 40 da França apagou os ganhos deste ano, com ações de bancos como BNP Paribas e Societe Generale entre as maiores perdas. O euro caiu para seu nível mais baixo contra o dólar desde abril.

O S&P 500 e o Nasdaq 100 devem abrir em baixa nesta sexta depois de registrarem recordes diários durante toda a semana. Um índice do dólar subiu contra as principais moedas globais, enquanto os rendimentos do Tesouro caíram quatro pontos base.

Na Ásia, o índice Ásia-Pacífico do MSCI caiu, à medida que as perdas nas ações australianas e chinesas compensaram os ganhos no índice de referência do Japão.

O Banco do Japão desencadeou uma nova onda de queda do iene após movimento que também foi visto como um adiamento na normalização da política monetária. Ainda assim, o governador Kazuo Ueda rebateu a visão de que um aumento da taxa de juros em julho não será mais possível.

4. Manchetes dos principais jornais

Estado de S. Paulo: Febraban: ‘É hora de estender a mão a Haddad, o fiscal não pode mais derreter’

Folha de S. Paulo: Após derrotas sobre drogas e aborto, governo Lula mede risco de desgaste com Congresso e aposta no STF

Valor Econômico: Analistas ainda têm dúvidas sobre avanço de proposta de revisão de gastos públicos

O Globo: De previdência militar ao INSS, ‘está tudo na mesa’, diz Tebet, sobre corte de gastos

5. Agenda

Brasil:

  • 9h: IBC-Br de abril pelo Banco Central
  • 16h30: BRL – Posições líquidas de especuladores no relatório da CFTC

Estados Unidos:

  • 9h30: Preços de Bens Exportados
  • 11h: Confiança do Consumidor da Universidade de Michigan em maio
  • 11h: Índice Michigan de Percepção do Consumidor
  • 12h: Relatório de Política Monetária do Fed
  • 14h: Contagem de Sondas Baker Hughes
  • 14h: Contagem Total de Sondas dos EUA por Baker Hughes

Zona do Euro:

  • 10h30: Pronunciamento de Isabel Schnabel, do BCE
  • 14h30: Discurso de Christine Lagarde, Presidente do BCE
  • 16h30: EUR: Posições líquidas de especuladores no relatório da CFTC

-- Com informações da Bloomberg News.