Bloomberg Línea — Investidores nesta quinta-feira (7) reagem no Brasil ao aumento dos juros pelo Copom e às expectativas de anúncio do plano de corte de gastos pelo governo Lula; no exterior, ficam à espera do anúncio da decisão sobre as taxas dos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed), acompanhada do comunicado e da entrevista coletiva do presidente Jerome Powell, que será questionado sobre o próximo governo Trump.
O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) também definirá sua política hoje e é esperado que reduza os custos de empréstimo em 25 pontos base. O presidente do banco Andrew Bailey, que falará após a reunião, será provavelmente pressionado a explicar como os gastos adicionais anunciados pelo novo governo do Reino Unido na semana passada impactam as perspectivas de mais flexibilização monetária.
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Confira a seguir cinco destaques desta quinta-feira (6):
1. Juros em alta no Brasil
O Banco Central elevou a Selic em 0,50 ponto percentual, para 11,25% ao ano, ontem no fim do dia, como amplamente esperado pelo mercado, em decisão vista como mais hawkish por parte dos analistas.
Apesar de repetir os principais pontos no comunicado que acompanha a decisão, sem fornecer sinalizações para as próximas reuniões, um alerta fiscal e uma piora das projeções foram vistos como pontos mais duros.
A principal novidade foi a menção a um pacote fiscal, que tem sido prometido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o que ajudaria a acalmar os mercados.
“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, disse o BC no comunicado.
Segundo o Copom, a percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, “especialmente o prêmio de risco e a taxa de câmbio”.
O comunicado começou com alusão direta aos EUA: “O ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica incerta nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed”.
2. EUA decidem juros e Powell fala
Mais tarde hoje a partir das 16h30 de Brasília, o presidente do Fed, Jerome Powell, deverá se pronunciar sobre um teste difícil que passará a enfrentar, já que um segundo mandato de Donald Trump levanta preocupações sobre a inflação. Espera-se que os diretores do banco central reduzam as taxas em 25 pontos base, para o intervalo de 4,50% e 4,75%, uma medida que virá na sequência do corte de meio ponto em setembro.
Atualmente, os traders apostam em cerca de 100 pontos base de cortes pelo Fed até setembro de 2025, em comparação com 110 pontos base na terça-feira.
“O que será interessante não é tanto o corte, mas a comunicação em torno de dezembro e do próximo ano”, disse James Vokins, gerente de portfólio da Aviva Investors, em uma entrevista à Bloomberg News.
Para ele, “será uma situação muito difícil e uma comunicação muito difícil de gerenciar, e ele [Powell] terá que ter cuidado para não ser muito rígido em uma direção específica.”
3. Mercados
Os futuros de ações dos EUA seguem em terreno positivo nesta manhã, e o dólar recuou, à medida que os traders continuam a avaliar o retorno de Donald Trump à Casa Branca e o que isso representará para o caminho esperado para as taxas de juros do Federal Reserve.
Os contratos futuros do S&P 500 subiram levemente após o índice de referência dos EUA ter disparado quase 3% na sessão anterior, impulsionado pelas apostas de que o novo presidente anunciará políticas de crescimento para beneficiar as empresas.
Um índice do dólar recuou 0,30% após ter seu melhor dia desde 2022. Os rendimentos do Tesouro dos EUA caíram depois de uma venda massiva na quarta-feira.
O índice de ações de referência da Europa avançou perto de 0,40%, enquanto os traders “digeriam a possibilidade de novas eleições na Alemanha e se isso poderia ajudar a reanimar o crescimento da maior economia da Europa. A perspectiva de um dólar mais forte sob Trump também representa um ponto positivo para alguns dos maiores exportadores da região.
Na Ásia, as ações chinesas estiveram entre as mais performáticas, impulsionadas pelo otimismo de que Pequim lançará mais medidas de estímulo e por dados encorajadores de exportação.
O iene se fortaleceu depois que o principal responsável pela moeda do Japão, Atsushi Mimura, afirmou que as autoridades tomariam medidas apropriadas contra movimentos considerados excessivos da moeda.
O bitcoin, impulsionado pelo apoio reiterado de Trump aos ativos digitais durante sua campanha, caiu 1,4% na quinta-feira, após ter atingido um recorde no dia anterior.
4. Manchetes dos sites dos principais jornais
Estado de S. Paulo: The Economist: Bem-vindo ao mundo de Donald Trump. Entenda como a vitória do republicano vai abalar tudo
Folha de São Paulo: Bolsonaro diz que vitória de Trump é ‘passo importantíssimo’ para volta ao Planalto e cita Temer como vice
Valor Econômico: Mercado já espera Selic em torno de 13%
O Globo: Vitória triunfal dá superpoderes a Trump e reconfigura geopolítica e agenda global
5. Agenda
Estados Unidos:
- 10:30 - Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego
- 12:00 - Nível de Estoques do Varejo excluindo Automóveis
- 15:00 - GDPNow do Fed de Atlanta
- 16:00 - Declaração do FOMC na reunião de novembro
- 16:00 - Anúncio da taxa-alvo dos Fed funds
- 16:30 - Entrevista coletiva de Jerome Powell
Zona do Euro:
- 10:30 - Pronunciamento de Phillip Lane, do BCE
Japão:
- 20:30 - Gastos Domésticos
-- Com informações da Bloomberg News.