Bloomberg Línea — Os investidores reagem ao corte da taxa Selic nesta quinta-feira (3), depois que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu os juros para 13,25% ao ano.
Os mercados também repercutem a decisão do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) a respeito dos juros do país. Mais cedo, o banco central inglês elevou as taxas de juros para o maior patamar em 15 anos, alertando que sua luta contra a inflação pode exigir condições de empréstimo mais rígidas por um período prolongado.
A taxa básica foi elevada em 0,25 ponto percentual para 5,25%, um aumento menor do que o de meio ponto registrado em junho.
Os traders também continuam digerindo o rebaixamento dos Estados Unidos pela Fitch Ratings. Segundo a empresa, o enfraquecimento das métricas fiscais e da governança dos EUA, destacados por disputas políticas sobre o teto da dívida estiveram no centro da decisão.
No Brasil, com o Congresso de volta do recesso, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), deve entregar o texto da reforma tributária ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ainda hoje.
No cenário corporativo, acontece nesta quinta a divulgação do balanço da Petrobras (PETR3; PETR4). Apple (AAPL) e Amazon (AMZN) também reportam lucros no final do dia.
Confira a seguir cinco destaques desta quinta-feira (3):
1. Corte na Selic
O Copom decidiu na quarta-feira (2) pelo corte de 0,50 ponto percentual da Selic, levando a taxa básica de juros para 13,25% ao ano.
No comunicado divulgado após a decisão, o BC disse que vê espaço para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária, com novos cortes nas próximas reuniões.
O movimento de flexibilização monetária era amplamente esperado pelo mercado financeiro, embora não houvesse um consenso sobre o tamanho, com economistas divididos entre um corte de 0,25 e 0,50 ponto percentual.
O corte é o primeiro desde agosto de 2020 e o primeiro com a participação dos novos diretores indicados pelo atual governo, Gabriel Galípolo e Ailton Aquino. A Selic estava em 13,75% desde agosto de 2022.
2. Reação ao rebaixamento dos EUA
A decisão da Fitch Ratings de rebaixar o crédito do governo dos Estados Unidos renovou o foco na trajetória da dívida do país, justamente quando a maior economia do mundo está descartando as previsões de uma recessão iminente.
Na semana passada, o presidente Jerome Powell disse que o Federal Reserve (Fed) não espera mais uma desaceleração nos EUA, mesmo após os aumentos mais agressivos das taxas de juros em décadas, e economistas do Bank of America (BAC) também descartaram sua previsão de recessão.
Evidências de força duradoura entre consumidores e empresas continuam chegando: dados divulgados na quarta mostraram que as empresas americanas criaram mais empregos em julho do que o esperado.
Tudo isso contrasta fortemente com 2011, quando a S&P Global Ratings retirou a classificação “AAA” dos EUA. Naquela época, a economia estava saindo da crise financeira global e o desemprego estava em torno de 9%. Está agora em 3,6%, perto do nível mais baixo em décadas.
3. Mercados
Os títulos do Tesouro dos EUA ampliam o sell-off nesta quinta, levando o rendimento de 10 anos a uma alta de nove meses. Já as ações caem à medida que os investidores ficam cada vez mais preocupados com o aumento dos custos dos empréstimos.
As ações europeias cediam cerca de 0,6% por volta das 8h50 (horário de Brasília) e os contratos futuros de ações dos EUA sinalizavam que o S&P 500 estenderá as perdas de ontem.
Na quarta-feira (2), os mercados operaram em queda, com o S&P 500 tendo o pior dia desde abril, puxado pelo rebaixamento da nota de crédito dos EUA.
4. Manchetes dos principais jornais
Estadão: ‘É possível uma Selic abaixo de 9% no fim de 2024 a depender do governo’, diz ex-diretor do BC
Folha de S. Paulo: Aliança com centrão, MST e vaga no Supremo viram testes de Lula com a esquerda
O Globo: Zanin toma posse hoje e assume automaticamente processos importantes para o governo Lula
Valor Econômico: Mercado pode testar indicação do BC de manter ritmo de corte
5. Agenda
Nos Estados Unidos, às 9h30, no horário de Brasília, são divulgados dados sobre os pedidos iniciais por seguro-desemprego, a produtividade do setor não agrícola e o custo unitário da mão de obra.
Às 10h45, é divulgado o PMI do setor de serviços e o PMI composto S&P global. Às 11h, são publicados dados sobre as encomendas à indústria e o ISM não-manufatura. Às 17h30, é divulgado o Fed balance sheet.
No Brasil, às 10h é divulgado o PMI composto e o do setor de serviços. Às 14h30, é publicado o fluxo cambial estrangeiro.
-- Com informações da Bloomberg News
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