Bloomberg Línea — Os investidores repercutem nesta quinta-feira (1º) a decisão de juros nos Estados Unidos e no Brasil. Ambos os bancos centrais mantiveram as taxas.
O Federal Reserve (Fed), por exemplo, manteve os juros no maior patamar em duas décadas, mas apontou para “algum progresso” na inflação nos Estados Unidos, o que é visto como um primeiro sinal de que a autoridade monetária está mais perto de fazer um corte de juros.
Ainda nos EUA, os dados sobre pedidos de seguro-desemprego, que serão divulgados mais tarde nesta quinta-feira, e os números do payroll de julho fornecerão mais pistas sobre o estado do mercado de trabalho.
Os traders também estarão atentos aos balanços trimestrais da Amazon (AMZN) após o fechamento do pregão, em busca de mais evidências sobre se os grandes investimentos em inteligência artificial se traduzem em melhores retornos para os investidores.
Hoje, o destaque fica com a decisão sobre juros do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês). A autoridade monetária deve cortar as taxas em 0,25 ponto percentual , de acordo com previsões consensuais compiladas pela Bloomberg.
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Confira a seguir cinco destaques desta quinta-feira (1º):
1. Juros no Brasil
O Banco Central manteve a Selic estável em 10,50% pela segunda vez seguida, em nova decisão unânime. Apesar de incluir elementos de maior cautela, como esperado por boa parte dos analistas, a avaliação é de que a comunicação do Copom foi menos dura do que as expectativas do mercado.
No balanço de riscos, um dos pontos a que os investidores estavam mais atentos, o BC optou por repetir que há fatores “em ambas as direções”. Ainda assim, alguns economistas viram uma assimetria altista implícita ao incluir a desancoragem das expectativas e da “taxa de câmbio persistentemente mais depreciada” entre os riscos de piora da inflação.
Um ponto visto como “dovish” foi a adoção do horizonte relevante de 18 meses, seguindo a nova sistemática de meta de inflação contínua. Por outro lado, ao justificar a decisão, o Copom avalia que os cenários interno e externo “demandam acompanhamento diligente e ainda maior cautela”.
A reação dos ativos deve seguir a leitura de que o BC não tem pressa para elevar a Selic. Os juros mais longos devem subir e a curva pode ganhar inclinação. Já o câmbio deve seguir pressionado e testar o patamar de R$ 5,70.
2. Payroll nos EUA
Prever uma desaceleração no mercado de trabalho nunca foi uma tarefa fácil. Mas as dinâmicas únicas do pós-pandemia estão tornando ainda mais difícil para os economistas determinar se o recente aumento na taxa de desemprego é um sinal de problemas à frente.
Os dados mensais de emprego (payroll), que serão divulgados nesta sexta-feira (2), provavelmente intensificarão o debate. O desemprego aumentou em cada um dos últimos três meses e está agora próximo de acionar um indicador de recessão desenvolvido pela ex-economista do Federal Reserve Claudia Sahm, que tem um histórico perfeito nos últimos 50 anos.
Outras medidas tradicionais de alerta precoce, como o emprego temporário e a taxa de desistência, também têm mostrado sinais de alerta. Mas muitos analistas veem uma justificativa para interpretar a recente deterioração nessas métricas como um retorno ao normal, à medida que o mercado de trabalho aquecido da recuperação pandêmica começa a esfriar.
O desemprego subiu para 4,1% em junho, acima do mínimo de 3,4% alcançado no início de 2023. Os economistas esperam que os números desta sexta mostrem que ele permaneceu nesse nível em julho — pelo menos interrompendo temporariamente a tendência de alta — mesmo com o crescimento da folha de pagamento moderando, segundo as estimativas medianas em uma pesquisa da Bloomberg.
Ainda assim, o recente aumento na taxa de desemprego intensificou o debate sobre para onde devem ir as taxas de juros.
3. Mercados
As ações europeias caem nesta quinta-feira (1º de agosto) em meio a uma série de balanços abaixo do esperado, apagando grande parte dos ganhos impulsionados pelo setor de tecnologia na sessão anterior.
O índice Stoxx 600 caía 0,3% por volta das 8h (horário de Brasília), após a desaceleração dos lucros da BMW e a queda nas margens da rival alemã Volkswagen, ambas sofrendo com a fraca demanda na China.
Já um desempenho ruim da unidade de varejo do Societe Generale fez com que as ações caíssem 7%, arrastando para baixo os pares europeus, como o HSBC e o UniCredit.
Os balanços piores que o esperado são mais uma prova da pressão crescente sobre as empresas europeias, devido à demanda mais fraca e a um cenário macroeconômico que continua enfrentando desafios.
Nos EUA, os índices futuros avançam após o Federal Reserve manter a taxa de juros, mas sinalizar que está mais próximo de um corte.
4. Manchetes dos principais jornais
Estado de S. Paulo: Caio Bonfim leva a prata e conquista medalha inédita para o Brasil na marcha atlética em Paris
Folha de S. Paulo: Caio Bonfim conquista prata inédita para atletismo brasileiro na marcha atlética
Valor Econômico: Mercado vê maior preocupação do Banco Central com inflação
O Globo: Posturas de Lula e do PT sobre a Venezuela geram reações até entre integrantes do governo e da base
5. Agenda
Brasil:
- 10h: PMI Industrial S&P Global (Jul)
Estados Unidos:
- 9h30: Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego; Produtividade do Setor Não Agrícola; Custo Unitário da Mão de Obra
- 10h45: PMI Industrial
- 11h: Gastos de Construção; PMI Industrial ISM
- 13h30: GDPNow do Fed de Atlanta
- 17h30: Fed’s Balance Sheet
-- Com informações da Bloomberg News.