Campos Neto diz que aumento da Selic não é o cenário base do Banco Central

Presidente do BC afirmou a jornalistas que a autoridade monetária está atenta ao cenário; investidores já precificam elevação nas taxas de acordo com juros futuros

Roberto Campos Neto
Por Maria Eloisa Capurro - Barbara Nascimento
27 de Junho, 2024 | 04:25 PM

Bloomberg — O Banco Central ainda não considera a possibilidade de aumentar a taxa de juros, afirmou o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, enquanto investidores apostam em aumentos depois que os formuladores de política monetária interromperam seu ciclo de cortes na semana passada.

“Não é nosso cenário base”, disse Campos Neto a jornalistas em São Paulo nesta quinta-feira (27), depois que a autoridade monetária revisou para cima suas estimativas de crescimento para 2024. “Estamos atentos, mas preferimos não dar orientações” sobre futuras mudanças nas taxas, acrescentou.

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Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) votou por unanimidade para manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, uma medida que se seguiu a uma decisão dividida de reduzir o ritmo de flexibilização em maio.

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A divisão gerou preocupações sobre a tolerância do BC em relação à inflação, uma vez que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai nomear um novo presidente para a autoridade monetária, que assumirá em 2025.

As preocupações, juntamente com as incertezas sobre a política fiscal, levaram os investidores a precificar aumentos na taxa de juros para o final deste ano.

O aumento dos futuros de DI se acelerou em meio aos comentários de Campos Neto, com uma alta de até 17 pontos-base na ponta longa da curva nas negociações desta quinta-feira.

Campos Neto também falou sobre as dificuldades enfrentadas pelo real, que caiu para o seu nível mais baixo em dois anos e meio, em meio ao ceticismo dos investidores em relação às promessas de Lula de reforçar as contas públicas do país.

“Há ruído de curto prazo” impactando os níveis da moeda, disse Campos Neto. Em sua visão, investidores veem uma piora nas perspectivas fiscais, apesar da melhora nos números atuais.

Ainda assim, o banco intervém apenas para corrigir disfunções específicas, disse ele, que acrescentou que o movimento está de acordo com um prêmio de risco mais alto para o Brasil.

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