Bloomberg — As ações da Barry Callebaut, que fornece algumas das maiores marcas de chocolate para consumidores, resgistraram o maior aumento em oito anos, indicando que a empresa tem enfrentado bem a crise de cacau que abalou o mercado.
Os contratos de cacau têm registrado forte alta este ano, à medida que colheitas ruins na África Ocidental indicam que o mercado global deve ter o terceiro ano consecutivo de produção abaixo da demanda.
A Barry Callebaut conseguiu lidar com esse aumento de preços — bem como com a inflação de forma geral — por meio de seu modelo de precificação de custo acrescentado de margem de lucro para a maior parte de seus negócios.
Na quarta-feira (10), a empresa suíça informou uma receita que superou as estimativas dos analistas no primeiro semestre, enquanto os volumes aumentaram, mesmo em um ambiente desafiador de custos crescentes. A empresa manteve o guidance, que prevê volumes de vendas estáveis neste ano fiscal, e afirmou estar “bem coberta e bem posicionada” para garantir suprimentos.
As ações subiram até 10% em Zurique, o maior ganho desde 2016, antes de reduzir parte do avanço.
Leia também: Como a retomada de conta bancária pode aliviar a recuperação judicial do Dia Brasil
Os resultados são “reconfortantes, dados os problemas sem precedentes no mercado devido ao aumento dos preços do cacau, bem como a intensa reestruturação em andamento” e destacam o crescimento de volume positivo como um sinal saudável para a oferta de produtos da empresa, disse o analista da Vontobel, Jean-Philippe Bertschy.
Os custos mais altos de matéria-prima podem levar meses para se refletir nos preços dos produtos finais, então os efeitos da escassez de cacau podem continuar a surgir ao longo do ano.
Os contratos de clientes da Barry Callebaut geralmente permitem que a empresa repasse os custos mais altos para a maioria de seus produtos — acrescentado de uma margem previamente acordada.
A empresa continua lucrando com a venda de grãos e chocolate de seus estoques, mas relatou fluxo de caixa negativo de 1,12 bilhão de francos suíços devido aos efeitos de preço sobre o capital de giro.
A Barry Callebaut disse no início deste ano que garantiu financiamento adicional, incluindo um bond de 600 milhões de francos, o que ajudou a mitigar requisitos de caixa mais elevados na obtenção de matéria-prima.
A empresa anunciou uma estratégia de transformação há um ano, que incluía redução de custos em toda a empresa. No entanto, o plano também implica custos de implementação, e essas despesas levaram a uma queda de mais de 40% no lucro antes de juros e impostos, disse a empresa nesta quarta.
Embora as ações tenham caído cerca de um terço nos últimos 12 meses, o investidor Artisan Partners Asset Management recentemente aumentou sua participação, dizendo que a empresa está “bem capitalizada” e pode se beneficiar posteriormente de uma maior participação de mercado.
As vendas subiram 11% em relação ao ano anterior, para 4,6 bilhões de francos suíços (US$ 5,1 bilhões), superando a estimativa média de 4,4 bilhões de francos.
Veja mais em Bloomberg.com