BTG Pactual prevê aumento na emissão de títulos da dívida externa da América Latina

Emissores latino-americanos venderam US$ 80 bi em títulos de dívida externa até agora este ano, alta de 39% ante o mesmo período de 2022

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Bloomberg — As emissões de títulos de dívida externa por empresas e governos latino-americanos devem crescer no ano que vem, pois o Federal Reserve deve pausar o movimento de alta nas taxas de juros nos EUA – o que ajuda a reduzir a volatilidade no mercado de papéis do Tesouro americano. É o que avalia o BTG Pactual (BPAC11).

“O volume total em 2024 não será tão bom quanto em 2021, mas será melhor do que em 2023 – acho que estaremos em algum lugar no meio”, disse Sandy Severino, responsável pela área de mercados de capitais de dívida da América Latina do BTG em uma entrevista à Bloomberg News em Nova York.

Os emissores latino-americanos venderam US$ 80 bilhões em títulos de dívida externa até agora este ano, um aumento de 39% em relação ao mesmo período de 2022, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Mas os números ainda estão longe do recorde de 2021, quando atingiram US$ 152 bilhões.

A economia dos EUA está mostrando força, mas, com a queda da inflação, mais analistas prevêem que o Fed deverá desistir de subir juros. Ainda assim, as taxas provavelmente permanecerão elevadas até o fim de 2025.

Os títulos do Tesouro americano servem como referência na definição dos juros a serem pagos nos papéis de dívida externa de empresas e governos do mundo todo, e se esse mercado fica menos volátil os emissores conseguem definir os juros com mais previsibilidade.

Os investidores estão com uma grande demanda reprimida, disse Severino. “Os fundos dos mercados emergentes tiveram saídas, mas ainda têm muito dinheiro em caixa, porque não tivemos muitas emissões”, disse ele.

“Eles estão recebendo muitos pagamentos de juros, muitos recursos de recompras antecipadas das empresas, muitas amortizações de títulos – tudo isso é dinheiro voltando para os investidores e eles precisam reinvesti-lo.”

Muito poucos investidores estão dispostos a vender seus papéis neste momento porque é difícil substituí-los em um mercado secundário ilíquido, de acordo com Severino. “Os fundos buscarão novas emissões e, quanto maior for seu tamanho, melhor”, disse ele.

O Brasil vendeu seu primeiro título sustentável no mês passado, uma emissão de US$ 2 bilhões que obteve demanda de cerca de US$ 6 bilhões, disseram na época pessoas familiarizadas com o assunto.

O BTG Pactual, com sede em São Paulo, estava entre os líderes na emissão de um título de US$ 1,25 bilhão da gigante petrolífera Petrobras (PETR3; PETR4), emitido em junho, e de um título de US$ 555 milhões da produtora de cana-de-açúcar Cosan (CSAN3).

Também participou na venda de um título de US$ 2,25 bilhões para a produtora de carnes JBS (JBSS3) em setembro e de um título de US$ 500 milhões para a empresa de água e esgoto Aegea Saneamento e Participações em outubro.

“Continuaremos a ver títulos ESG, mesmo que seu custo para o emissor não seja muito diferente de um não-ESG”, disse Severino. “Mas esses papéis são propaganda positiva para a empresa ou para o governo e os investidores valorizam isso.”

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