Bostic, do Fed, diz que aguarda mais dados para apoiar corte na taxa de juros

Presidente da regional de Atlanta do Federal Reserve, Raphael Bostic, afirma que ‘quer ter certeza absoluta’ para tomar a decisão de reduzir as taxas nos EUA

Por

Bloomberg — O presidente da regional de Atlanta do Federal Reserve, Raphael Bostic, disse que aguarda “um pouco mais de dados” antes de apoiar uma redução na taxa de juros, enfatizando que quer ter certeza de que o banco central dos Estados Unidos não terá que mudar de rumo quando começar a cortar.

“Queremos ter certeza absoluta”, disse Bostic nesta terça-feira (13), em comentários durante a Conference of African American Financial Professionals, em Atlanta. “Seria muito ruim se começássemos a reduzir as taxas e depois tivéssemos que voltar atrás e aumentá-las novamente.”

Ele reiterou a posição que vem mantendo desde março de que provavelmente estará pronto para cortar “até o final do ano”, mas reconheceu que está animado com as recentes leituras de inflação.

Leia também: Gestores seguem otimistas com big techs e pouso suave nos EUA, mostra pesquisa do BofA

Os comentários de Bostic vêm na sequência da divulgação de dados mais fracos do que o esperado sobre o mercado de trabalho, o que aumentou as preocupações de que o banco central dos Estados Unidos tenha esperado muito tempo para começar a reduzir os juros.

O relatório de empregos de julho mostrou que as contratações desaceleraram acentuadamente e a taxa de desemprego subiu para seu nível mais alto em quase três anos. De acordo com os mercados de futuros, os investidores preveem mais chances de um corte de meio ponto percentual em setembro.

Bostic observou que estava "definitivamente preocupado" com o aumento do desemprego, mas acrescentou que grande parte desse aumento se deveu a uma maior oferta de trabalhadores e não a uma queda na demanda. Esse é um "problema bom de se ter", disse Bostic.

Bostic agora se junta a um grupo de outros formuladores de política monetária do Fed que se opuseram, em graus variados, à visão de que eles deveriam reagir de forma mais agressiva.

Os investidores voltarão sua atenção na semana que vem para o simpósio anual do Fed em Jackson Hole, no estado de Wyoming. Embora a agenda da conferência não tenha sido divulgada, espera-se que o presidente Jerome Powell fale e possa fornecer mais orientações sobre o que esperar quando os diretores do banco central se reunirem em meados de setembro.

Os dados mais recentes sobre preços, enquanto isso, mostraram um progresso contínuo na redução da inflação. Os preços ao produtor dos EUA subiram em julho menos do que o previsto, de acordo com um relatório do Bureau of Labor Statistics divulgado na terça-feira.

Os números de julho sobre a inflação ao consumidor serão divulgados na quarta-feira. Os economistas consultados pela Bloomberg esperam que o índice de preços ao consumidor aumente 3% nos 12 meses até julho.

No mês passado, os diretores do Fed mantiveram a taxa inalterada no maior patamar em duas décadas, mas sinalizaram que estavam mais próximos de reduzir os juros. Powell disse que um corte poderia ser apropriado já na reunião de setembro do banco central.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Bowman, do Fed, vê risco de alta da inflação e sinaliza cautela em corte de juro

BC do Japão enfrenta obstáculo para elevar os juros após décadas de taxa zero