Bloomberg — A alta de quase 10% nos principais índices de ações dos Estados Unidos em pouco mais de dois meses neste ano deixou estrategistas do JPMorgan Chase (JPM) e do Goldman Sachs (GS) divididos sobre se uma bolha está se formando no mercado.
Para Marko Kolanovic, estrategista-chefe do JPMorgan, a dramática alta nas ações dos Estados Unidos e a rápida ascensão do bitcoin (XBTUSD) para perto de US$ 70.000 sinalizam que a resposta é “sim.
Ele vê esses avanços como indicativos de uma acumulação de excessos no mercado - condições que normalmente precedem uma bolha quando os preços dos ativos sobem a um ritmo insustentável.
O estrategista engrossa um coro de advertências rapidamente acumuladas de Wall Street que evocam o boom das empresas “ponto.com” do final dos anos 1990 ou a onda das “meme stocks” do começo de 2021, quando os preços das ações rapidamente inflaram e depois desabaram.
Enquanto isso, David Kostin, do Goldman Sachs, está entre aqueles que pensam que o clima de otimismo é justificado, argumentando que os valuations elevados das big techs são sustentados por fundamentos.
À medida que o S&P 500 continua atingindo novas máximas - impulsionado principalmente pelos ganhos das gigantes americanas de tecnologia -, ele atrai a ira dos críticos que acham que a tendência de alta não pode durar e a excitação dos otimistas que acham que ainda há espaço para mais ganhos.
Kolanovic é uma figura-chave no primeiro grupo. O mercado está avançando “com volatilidade baixa, e excessos, se acumulando”, escreveu ele segunda-feira (4) em uma nota aos clientes.
“As ações subiram neste ano, mesmo com os rendimentos dos títulos subindo e as expectativas de cortes de juros desfeitas”, disse ele. “Os investidores podem estar assumindo que o aumento nos rendimentos reflete uma aceleração econômica, mas as projeções de lucros para 2024 estão diminuindo e o mercado parece muito complacente com o ciclo.”
Em contraste, Kostin, do Goldman, disse que “desta vez é diferente Diferede outros períodos da história em que os preços das ações se movimentaram abruptamente, geralmente além de seu valor. Diferentemente de casos anteriores, a amplitude das “avaliações extremas” é muito mais contida desta vez, com o número de ações negociadas a esses múltiplos em queda acentuada desde o pico em 2021.
Além disso, em contraste com a mentalidade de “crescimento a qualquer custo” de 2021, “os investidores estão principalmente pagando valuations elevados pelas maiores ações de crescimento no índice”, ele escreveu em uma nota na última sexta-feira. “Acreditamos que a avaliação das ‘Magnificent 7′ é atualmente sustentada por seus fundamentos.”
O grupo, especialmente a Nvidia (NVDA), a Meta Platforms (META) e a Microsoft (MSFT), avançaram neste ano e puxaram importantes índices de ações junto com eles. O S&P 500 registrou 15 recordes de fechamento em 2024, emendando quatro meses seguidos de ganhos.
Até agora, os resultados financeiros do quarto trimestre justificaram os movimentos. O lucro por ação para o grupo aumentou em conjunto 59% em relação ao ano anterior, em comparação com expectativas de 47%, dados compilados pela Bloomberg Intelligence mostram.
Mas, para Kolanovic, o ambiente representa um quebra-cabeça, que reflete a complacência dos investidores e uma subvalorização do risco.
“A continuação da alta nas ações pode manter a política monetária mais apertada por mais tempo, pois o corte prematuro das taxas corre o risco de inflar ainda mais os preços dos ativos ou causar outra alta na inflação”, disse ele.
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