Bank of America vê real subvalorizado e aponta oportunidade de trade

Dólar subiu mais de 25% em relação ao real durante 2024. Banco americano recomenda ‘uma posição longa em reais com um enfoque tático’

Por

Bloomberg Línea — O Brasil encerrou 2024 de forma turbulenta, em termos financeiros, com o dólar subindo mais de 25% versus o real e o Banco Central tendo que vender mais de US$ 40 bilhões de suas reservas entre setembro e dezembro para tentar conter as altas.

Nesse contexto, o Bank of America disse a seus clientes para considerar apostar no real brasileiro, por considerar que já está “subvalorizado”.

“Recomendamos uma posição longa em reais com um enfoque tático”, destacaram analistas do Bank of America (BofA) em um relatório sobre a América Latina.

O documento do banco apontou que “o real brasileiro está substancialmente subvalorizado” e acrescentou que as taxas de juros reais são as mais altas entre os mercados emergentes, além de que se espera uma melhoria na balança por conta corrente no quarto trimestre de 2024.

O BofA afirmou: “a administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não mostrou disposição para ajustar decisivamente a política fiscal e controlar o gasto público”. E advertiu que, sem esse catalisador, o real não se apreciará mais do que 20% do seu potencial.

No que se refere à relação real versus o peso colombiano, o informe do BofA aponta: “continuamos com uma posição tática longa no cruzamento entre o real brasileiro e o peso colombiano (BRL/COP), com um nível atual de 708, e atualizamos nossa ordem de stop para 650.”

“Nossa perspectiva se baseia em três razões: posicionamento, sazonalidade dos fluxos e fatores globais. Os riscos para esta estratégia são uma piora das perspectivas fiscais no Brasil ou um aumento nos preços do petróleo.”

Leia também: Gestor da Itaú Asset avalia que alta do dólar está ‘completa’, mas evita o Brasil

Saída de capitais

Por outro lado, o BofA sustenta que o capital fluiu para fora do Brasil em dezembro e retorna ao país em janeiro. No entanto ressalta que em dezembro de 2024 foi observada uma saída líquida de US$ 24 bilhões, muito maior que a média de US$ 10 bilhões nos últimos 10 anos. Em contrapartida, a média de entrada de janeiro nos últimos 10 anos foi de US$ 3 bilhões.

Segundo um relatório publicado pelo banco de investimento JPMorgan, as reservas brutas do Brasil começaram o ano acima de US$ 325 bilhões, o que empurra as reservas líquidas para perto de US$ 250 bilhões ou mais de 11% do PIB, um nível confortável em contraste com a dívida externa, mas muito abaixo dos níveis observados nos últimos anos.

Apesar disso, os analistas do JPMorgan disseram que “apesar das saídas de capital observadas nos últimos meses, continuamos considerando que as contas externas do Brasil são sólidas, e os níveis atuais de reservas internacionais são um importante colchão”.

Leia também

Como a escalada do câmbio e dos juros expõe empresas com dívida em dólar