Bloomberg — A BlackRock, que se beneficiou de uma década de boom nos investimentos em índices por meio de ETFs, disse que os investidores deveriam depender mais de estratégias gerenciadas de forma ativa.
Taxas de juros mais altas, inflação persistente e aumento de riscos geopolíticos oferecem aos gestores ativos e aos fundos hedge uma oportunidade maior de superar portfólios que adotam a estratégia do “buy-and-hold”, escreveram os analistas da BlackRock nesta terça-feira (27) em no paper “A bigger role for active strategies”, que se refere a esse ambiente como um “novo regime”.
“As alocações de ativos estáticas - ou carteiras definidas e ‘esquecidas - são um ponto de partida razoável, mas não achamos que entregarão como no passado”, disseram os analistas do Instituto de Investimentos da BlackRock, incluindo Vivek Paul e Andreea Mitrache, no documento. “A era das taxas de juros ultra baixas ficou para trás, e os retornos esperados futuros parecem menos atrativos.”
Na década que antecedeu a pandemia de Covid-19, as ações e os títulos de mercados desenvolvidos superaram os retornos de dinheiro em cerca de 10 e 2 pontos percentuais, respectivamente, segundo os analistas da BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, com US$ 10 trilhões.
“Acertar no mix de ativos importa muito mais agora”, acrescentaram, argumentando que “mega forças” estão mantendo as taxas de juros acima dos níveis pré-pandemia.
“A incerteza macro se expandiu desde o início da pandemia - e a dispersão dos retornos aumentou”, escreveram os analistas.
Os analistas da BlackRock se juntam a gestores e executivos de alto escalão de algumas das maiores empresas do mundo, incluindo a Janus Henderson, a Franklin Resources, a T. Rowe Price e a Neuberger Berman, que enfatizam o papel da gestão ativa nos mercados atuais.
Mas eles enfrentam uma base de clientes que continuou a se afastar de fundos gerenciados de forma ativa, com mais da metade dos ativos de fundos mútuos e ETFs (Exchange Traded Funds) em produtos passivos desde o fim do ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Na BlackRock, dos cerca de US $ 10 trilhões de ativos de clientes no fim de 2023, US$ 2,6 trilhões estavam alocados em ações de forma ativa, além de títulos e outras estratégias. Os ativos de índices e ETFs totalizavam, por sua vez, US$ 6,6 trilhões.
A diferença entre os vencedores e os perdedores do mercado de ações se ampliou desde 2020, criando uma oportunidade maior de superar os retornos do mercado amplo, segundo o documento.
Mudar entre índices também é uma forma de gestão ativa, disseram os analistas, que permite aos investidores “explorar sua habilidade em acertar o timing dos mercados e sua capacidade de escolher consistentemente a exposição a setores, regiões e estilos certos”.
A BlackRock disse que encontrar gestores de carteira habilidosos com a capacidade de superar o benchmark pode ser caro e difícil, e os investidores “com orçamento limitado pela governança podem optar por manter toda a sua carteira em ferramentas de índice”.
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