Bloomberg — Qualquer rali de fim de ano das ações americanas pode ter vida curta porque os preços ainda não refletem totalmente as perspectivas de juros altos por mais tempo, segundo o chefe do braço de Research da BlackRock (BLK).
Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano subiram para máximas de vários anos à medida que os investidores se preparam para um período prolongado de política monetária mais restritiva do Federal Reserve.
A história mostra que isso tende a ter um impacto negativo nas ações, disse Jean Boivin, o ex-vice-governador do Banco do Canadá que agora dirige o BlackRock Investment Institute.
“A pergunta que fazemos é se o aumento das taxas já está precificado nas ações, e a nossa resposta é: ainda não”, disse Boivin em entrevista à Bloomberg News. “Achamos que haverá mais ajuste para baixo, mas esperamos ver um ambiente melhor em 2024, assim que o ajuste estiver concluído.”
A equipe de Boivin permanece com exposição reduzida em ações de mercados desenvolvidos desde julho de 2022. Ele espera estagnação do crescimento global no próximo ano, e acha que a economia dos EUA “está mais fraca do que parece”.
“Se estivermos errados e houver uma recuperação significativa do crescimento econômico, ou uma retração sustentada das taxas, isso nos levaria a ficar mais otimistas em relação às ações”, disse o estrategista.
O coro de investidores e estrategistas que esperam uma alta do índice S&P 500 no final do ano se fortaleceu com as apostas de pico de juros. O indicador acumula alta de cerca de 14% no ano, com a maior parte dos ganhos concentrados em gigantes de tecnologia, impulsionadas pelo otimismo em torno da inteligência artificial (IA).
Embora Boivin também esteja otimista com o impacto da IA, ele diz que o baixo desempenho do S&P 500 quando as ações são ponderadas igualmente, limitando o peso das gigantes de tecnologia, dá uma ideia melhor do ambiente macroeconômico desafiador. Nesta base de comparação, o índice está no zero a zero este ano.
A estrategista Savita Subramanian, do Bank of America (BAC), também disse que as expectativas de crescimento de longo prazo para o S&P 500 estão perto de mínimas históricas quando se exclui o grupo de gigantes tech.
Mas, ao contrário de Boivin, ela disse que um indicador do banco que compila a alocação recomendada pelos estrategistas para ações está cada vez mais perto de indicar “compra.”
O nível atual do indicador implica retorno de 15,5% do S&P 500 nos próximos 12 meses, disse Subramanian.
Veja mais em bloomberg.com
Leia também:
Um ano após colapso da FTX, mercado cripto tenta se adaptar para sobreviver
As 12 ações mais recomendadas para novembro, segundo 14 bancos e corretoras