Bitcoin destoa dos mercados de ações e fica de fora de retomada em agosto

Maior ativo digital registra queda acumulada de 10% no mês, enquanto o índice mundial de ações da MSCI tem ganho de 1%

Venda de bitcoins apreendidos pelo governo dos EUA é um dos desafios para os ativos digitais
Por Suvashree Ghosh e Sidhartha Shukla
19 de Agosto, 2024 | 03:07 PM

Bloomberg — Bitcoin e o mercado de criptoativos em geral enfrentam perdas significativas no acumulado do mês, mesmo depois que os índices acionários globais passaram a operar novamente perto de máximas históricas, com investidores mais calmos em relação ao cenário de crescimento da economia dos Estados Unidos.

O maior ativo digital registra queda de 10% em agosto, ficando atrás do ganho de quase 1% do índice mundial de ações da MSCI, bem como do salto do ouro para níveis recordes. Um indicador global de títulos da Bloomberg subiu quase 2% no mesmo período.

Analistas destacaram o risco da venda de bitcoins apreendidos pelo governo dos EUA — que se acredita possuir cerca de US$ 12 bilhões em criptomoedas — como um dos desafios para os ativos digitais.

Dados de blockchain indicam que, na semana passada, o governo americano transferiu US$ 600 milhões em bitcoins confiscados para uma carteira na exchange operada pela Coinbase Global, de acordo com uma análise da Arkham Intelligence.

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Possíveis vendas pelo governo dos EUA estão “resultando nessa pressão temporária de baixa dos preços”, disse Khushboo Khullar, sócia da Lightning Ventures, que investe em empresas ligadas ao bitcoin. “Esperamos que essa lacuna feche em breve”, acrescentou.

Leia também: Bitcoin sofre maior tombo desde 2022 com aversão global ao risco

Onda vendedora

Um indicador dos 100 maiores ativos digitais registrou a pior queda em 5 de agosto desde novembro de 2022.

O recuo ocorreu em linha com as perdas no mercado acionário, em meio às dúvidas sobre o ritmo de crescimento da economia dos EUA e à reversão da estratégia de “carry trade” do iene, que reduziram o apetite por risco no mundo todo.

As expectativas para o desempenho da economia americana se estabilizaram desde então com dados tranquilizadores, e o índice global de ações da MSCI está agora apenas 1,5% abaixo do recorde estabelecido em julho.

O apetite por exposição a criptoativos, por outro lado, está mais fraco. Um exemplo disso é a chamada taxa de financiamento para futuros perpétuos de bitcoin na Binance, a maior exchange de ativos digitais.

Esses contratos são frequentemente usados por especuladores, já que não têm data de vencimento definida. Mas números da CryptoQuant mostram que a taxa de financiamento — o custo das posições — é a mais negativa desde 2022, sinalizando um menor interesse de traders que buscam lucrar no curto prazo.

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O bitcoin atingiu um recorde de US$ 73.798 em março, impulsionado por apostas em uma política monetária mais frouxa dos EUA e influxos para fundos de índice cripto nos EUA. Subscrições dos ETFs, lançados há sete meses, desaceleraram.

Mais recentemente, o cenário político dos EUA trouxe volatilidade ao token, em meio à disputa entre o republicano Donald Trump, pró-cripto, e a democrata Kamala Harris, vice-presidente dos EUA, na corrida presidencial. Harris ainda não detalhou qual seria sua política para os ativos digitais.

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