No ano da redenção do bônus em Wall St, bankers de emissão de dívida saem na frente

Segundo a consultoria Johnson Associates, quase todas as áreas do setor financeiro devem se beneficiar do aumento nos bônus, dada uma recuperação mais ampla do mercado de capitais

Por

Bloomberg — Os pagamentos de bônus de Wall Street devem saltar neste ano em praticamente todas as áreas da indústria financeira. Mas uma delas deve emergir, provavelmente, como a maior vencedora após dois anos sem grandes alterações nos pagamentos: o DCM, ou Debt Capital Markets.

Os banqueiros que ajudam empresas a emitir suas dívidas podem ver os seus bônus aumentarem até 35%, segundo estudo da consultoria de remuneração Johnson Associates.

O movimento acontece diante da recuperação dos negócios e da melhora dos mercados de capitais, depois que atingiram volumes mínimos de vários anos reventemente.

Profissionais que trabalham com ofertas de ações - o ECM (Equity Capital Markets) - vêm logo atrás, com ganhos previstos de até 30% na base anual.

Leia mais: CFO no comando: HSBC prevê mesmo gasto com bônus neste ano apesar de receita maior

A previsão é realizada depois do forte desempenho de bancos americanos e europeus no segundo trimestre, com a alta das ações em quase todo o mundo alimentando a demanda nas mesas de operação.

Para os traders de ações, as remunerações variáveis podem aumentar 15%, enquanto os traders de renda fixa podem se beneficiar de uma alta mais modesta de 5% a 10%, de acordo com o relatório.

Os clientes corporativos que pisaram no freio nas vendas de ações e de dívida enquanto o Federal Reserve elevava a taxa de juros estão cada vez mais de volta ao mercado. E a forte demanda pelo serviço de wealth management pode ajudar a aumentar os bônus nesta área em até 10%, estima a Johnson Associates.

Para aqueles que trabalham como gestores de ativos, o aumento pode ser de cerca de 10%, devido à valorização do mercado e à estabilização dos fluxos de entrada.

Em hedge funds, os bônus devem aumentar até 15%, ajudados pelo desempenho mais forte na maioria das estratégias.

As previsões nesta metade do ano podem mudar, principalmente diante da incerteza em torno da economia dos Estados Unidos, a eleição americana em novembro e o caminho que será adotado pelo Fed para os cortes de juros.

Alguns negócios serão afetados pela volatilidade e pela incerteza do mercado mais do que outros, incluindo os bancos de varejo e os comerciais.

A Johnson Associates disse que os banqueiros que atuam nessas áreas podem ver seus bônus terem uma queda de 5% ou ficarem estáveis, uma vez que o mercado imobiliário continua sendo uma preocupação e os empréstimos comerciais permanecem mais baixos.

Leia mais: Os M&A estão de volta. Mas o bônus pelos negócios deve demorar mais tempo

Os bônus do setor financeiro cresceram pela última vez quando a pandemia desencadeou uma onda de trading e deals. No entanto isso se mostrou temporário, levando a uma retração na remuneração.

A tradicional atividade de fusões e aquisições (M&A) começou a se recuperar das baixas recentes, mas não com força total. Os bônus devem ficar estáveis em 5% para profissionais da área, à medida que a queda nos negócios continua. O pipeline, contudo, permanece “otimista”, apontou o relatório.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

UBS estuda bônus para bankers que trouxerem clientes ricos, dizem fontes