Bloomberg — Investidores que apostaram nas ações dos maiores bancos dos Estados Unidos nos últimos meses, esperando que o adiamento dos cortes de juros por parte do Federal Reserve continuassem impulsionando os lucros, tiveram um duro choque de realidade.
JPMorgan Chase (JPM) e Wells Fargo (WFC) ambos relataram nesta sexta-feira (12) uma renda líquida de juros - os ganhos que geram com empréstimos - aquém das estimativas dos analistas, enquanto executivos apontavam para o aumento dos custos de financiamento.
No JPMorgan, a renda líquida de juros caiu do trimestre anterior pela primeira vez em quase três anos, e o CEO Jamie Dimon prevê que a bonança das taxas elevadas se normalizará em vez de disparar ainda mais.
As ações do maior banco dos EUA tiveram a maior queda desde 2020.
“Os fãs mais otimistas do JPM estavam esperando por upside maior do que o que obtivemos”, escreveu o analista da Evercore ISI Glenn Schorr em um relatório. “Como Jamie tem nos dito, os tempos de superar as estimativas e ver ganhos de preço tinham que acabar em algum momento.”
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Com a inflação persistente nos EUA tornando mais provável que o Fed tenha que adiar cortes nas taxas de juros, os acionistas estavam ansiosos para ouvir quanto mais isso poderia impulsionar a receita com empréstimos.
Em vez disso, os executivos bancários se revezaram falando sobre como os clientes estão buscando retornos mais altos em suas economias. No Wells Fargo, os depósitos que não pagam juros caíram 18% em relação ao ano anterior, enquanto aqueles que pagam subiram.
“Continuamos a ver essa migração em alguns dos negócios, especialmente no consumidor”, disse o diretor financeiro Mike Santomassimo a repórteres em uma teleconferência.
As ações do JPMorgan, que subiram um terço nos seis meses anteriores, caíram 6,5% no pregão regular de Nova York, sua pior performance desde junho de 2020. O Wells Fargo caiu 0,4%.
Guidance ‘ultraconservador’
JPMorgan e analistas estavam em lados opostos do debate sobre a receita líquida de juros apenas alguns meses atrás. Em janeiro, o banco previu que o resultado subiria para US$ 90 bilhões este ano, enquanto os analistas esperavam que caísse. Desta vez, muitos analistas estavam esperando que a empresa elevasse esse guidance. Ela, no entanto, se absteve.
Embora a receita líquida de juros do banco tenha subido 11% em relação ao ano anterior, ela caiu em relação ao quarto trimestre, a primeira queda sequencial em 11 trimestres. Em uma teleconferência com analistas, o decano dos CEOs dos bancos de Wall Street falou amplamente sobre tensões geopolíticas e pressões inflacionárias.
“Não sabemos como esses fatores se desenrolarão”, disse Dimon, de 68 anos.
O guidance do JPMorgan sobre a receita líquida de juros “nos parece ultraconservadora”, escreveu o analista da Piper Sandler, R. Scott Siefers, em uma nota aos clientes. “A perspectiva inalterada decepcionará um pouco os investidores e pode pesar sobre a ação.” Ainda assim, isso “deixa espaço para ser revisado para cima mais tarde”.
O Wells Fargo também manteve sua previsão para 2024, esperando que a receita líquida de juros diminua de 7% a 9% em relação ao nível do ano passado.
Enquanto os gigantes bancários davam início à temporada de balanços do setor na sexta-feira, o lucro do Citigroup (C) superou as estimativas dos analistas pela margem mais ampla.
A empresa obtém mais receita fora dos EUA do que os concorrentes, diminuindo o impacto das decisões do Fed nos ganhos. E com os próximos passos das taxas de juros se tornando mais claros, mais clientes corporativos venderam títulos, ajudando suas mesas de mercados de capitais a obter um ganho de taxas.
“Estamos em todos os lugares geograficamente”, o que fornece um hedge contra as taxas de juros, disse a CEO Jane Fraser aos analistas em uma teleconferência. “A diferença para nós em relação aos outros é a força desse base corporativa, e eles tendem a ser uma base mais estável.”
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