Bancos veem volta de IPOs em 2024 no Brasil, mas com novo perfil de empresas

Heads de investment banking afirmaram em painel do Bloomberg Línea Summit que perfil das empresas que vão estrear na bolsa muda com necessidade de operações mais líquidas

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23 de Outubro, 2023 | 10:35 AM

Bloomberg Línea — O Bank of America (BAC) e o Santander Brasil (SANB11) se preparam para trabalhar em novas ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) de empresas em 2024 no Brasil. No entanto as instituições avaliam que o perfil das empresas que fazem IPOs deve mudar diante da realidade do mercado, que lida com juros mais elevados e um ambiente internacional de aversão ao risco.

Segundo executivos presentes ao painel de abertura do Bloomberg Línea Summit nesta segunda-feira (23), há preferência no mercado por empresas com maior geração de caixa, e aquelas com essa característica tendem a ser as primeiras a iniciar o próximo ciclo de abertura de capital.

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As perspectivas de ambos os bancos foram destacadas por Bruno Saraiva, co-head de Investment Banking do Bank of America, e Leonardo Cabral, head de Investment Banking do Santander Brasil, no painel Como acelerar o mercado de capitais no Brasil, no hotel Rosewood em São Paulo.

“Se não buscar liquidez na ação, o investidor estrangeiro não vem. A empresa tem que ter o tamanho necessário. Boas histórias não mudaram em relação a 2021, mas mudou a necessidade de geração de lucro e, principalmente, a questão do tamanho”, disse Cabral.

Segundo Cabral, o Santander trabalha com algumas operações “havendo janela, ainda no primeiro semestre de 2024″. São empresas com previsão de fluxo de caixa mais estável e com tamanhos muito maiores do que as ofertas realizadas em 2021, segundo ele.

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“Em 2024 os IPOs voltam”, complementou Saraiva, acrescentando que o Bank of America prepara algumas operações de olho no segundo semestre do ano que vem em diante. “A retomada de mercado de capitas passa por companhias que são mais geradoras de caixa, com setores mais defensivos do que os de crescimento”, disse.

O executivo do Bank of America enfatizou a necessidade de operações maiores e mais líquidas para atrair investidores e minimizar o risco implícito. Ele concordou que a estabilidade na expectativas de juros é crucial e que os valuations se ajustam com a estabilidade.

“No auge em 2021 tivemos R$ 170 bilhões em emissões de equities do Brasil. Óbvio que aquilo ali foi um momento de juros real negativo. Esse cenário volta? Acho muito difícil. Temos capacidade de gerar mais de R$ 100 bilhões de ofertas públicas? Sem dúvidas.”

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“Deveríamos ter mais de R$ 100 bilhões em IPOs e follow-ons nos próximos anos se o mercado externo estiver menos ruidoso”, disse Saraiva. Atualmente, IPOs e follow-ons geram cerca de R$ 40 bilhões, de acordo com Cabral.

Cristina Estrada, co-head de IB no Brasil do Goldman Sachs, que dividiu o painel com os executivos, destacou a importância de considerar eventos geopolíticos e econômicos internacionais para tomar decisões informadas no mercado de capitais. Ela enfatizou que a previsibilidade é essencial para atrair investidores.

Estrada lembrou ainda que no último ano não houve IPO de empresa brasileira e ainda que, no exterior, tenha havido abertura de capital de empresas saudáveis, “não foi um mercado que estivesse aberto todo o tempo”.

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“[Mas] estamos positivos com renda variável no próximo ano. As companhias têm que se preparar para janelas à medida que os juros baixem”, disse Estrada.

CEO do Bradesco Asset, Bruno Funchal enfatizou a importância de ancorar as expectativas políticas, econômicas e fiscais para criar um ambiente atrativo para negócios. O executivo, que foi secretário do Tesouro no último governo, também ressaltou a necessidade de reformas, particularmente a tributária, para impulsionar o crescimento econômico.

Bruno Funchal também defendeu a visão de que a sofisticação do mercado de capitais e do processo de investimento de pessoas físicas e jurídicas se mantêm, mesmo com o ciclo de juros altos no país desde 2021. O movimento conhecimento como financial deepening tomou força no Brasil quando as taxas de juros chegaram a patamares baixos recordes no começo da pandemia.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups