Banco Central se tornou a ‘única âncora’ do mercado, diz Alberto Ramos, do Goldman

Economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs diz à Bloomberg News que risco fiscal e inflação dificultam cortes da Selic

Goldman Sachs
Por Josue Leonel
11 de Junho, 2024 | 03:05 PM

Bloomberg — O Banco Central (BC) se tornou a “única âncora” do mercado diante da deterioração fiscal, e os riscos de alta da taxa Selic são crescentes, embora ainda baixos, segundo Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs (GS).

Há alguma probabilidade de que o desequilíbrio na economia aumente e obrigue o BC a aumentar sua taxa, disse Ramos em entrevista à Bloomberg News.

“As probabilidades de isso acontecer ainda são baixas, embora mais elevadas do que há dois ou três meses, e aumentando.”

O IPCA acima do previsto divulgado nesta terça-feira, combinado aos riscos fiscais, torna improvável um corte da taxa Selic na reunião do Copom da semana que vem, diz o economista do Goldman.

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Alberto Ramos. El director del equipo de investigación macroeconómica de Latinoamérica en Goldman Sachs.

Ele avalia que a taxa deve seguir no nível atual de 10,50% ao ano até que o balanço de riscos melhore e a inflação se alinhe com a meta de 3%.

O mercado de juros apagou as apostas em corte adicional da Selic e passou a incorporar prêmios inclusive de um aumento da taxa básica para cerca de 11% até o final do ano.

Leia também: IPCA acelera mais que o esperado pelo mercado em maio e chega a 0,46%

A pressão aumentou depois que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou preocupação sobre as perspectivas fiscais do país durante uma reunião fechada na tarde da última sexta-feira com investidores, segundo pessoas com conhecimento do assunto.

Nesta terça-feira, o mercado devolveu parte da alta recente das taxas futuras após o ministro afirmar que apresentará opções sobre cortes de despesas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda assim, o contrato de juros futuros para janeiro de 2029 segue perto do maior nível desde maio de 2023.

A “enorme expansão fiscal” de 2023 e 2024 foi injustificada e os custos agora estão se tornando aparentes, disse Ramos. “Nesta fase, a única âncora macro crível no sistema é o Banco Central”.

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