Balanços que prenunciam tendências, ecos do Fed e outros eventos que movem os mercados

Enquanto AstraZeneca e A.P. Moller-Maersk enviam sinais de incertezas, a ArcelorMittal e a Unilever traçam boas perspectivas; Softbank tem seu primeiro lucro desde 2022 e Arm dispara

Estes são os eventos que orientam os investidores e movem os mercados hoje
08 de Fevereiro, 2024 | 07:03 AM

Barcelona, Espanha — Além do intenso fluxo de balanços, que no geral têm projetado mais luzes do que sombras, os investidores ficarão atentos aos dados semanais sobre o desemprego nos Estados Unidos e aos ecos das declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed). Também está no radar a emissão de bônus de 30 anos pelo governo norte-americano, que testará o apetite dos investidores ante as incertezas sobre o rumo dos juros e a saúde financeira de alguns bancos regionais dos EUA.

Philip Lane, do Banco Central Europeu (BCE), Thomas Barkin e Michelle Bowman, ambos do Fed, devem falar nesta quinta-feira.

Entre os resultados programados para hoje estão L’Oreal, AstraZeneca, ArcelorMittal, Siemens, Unilever, SoftBank, AP Moller-Maersk, Nestlé, entre outros. Para amanhã, a lista inclui PepsiCo, Hermes e Usiminas.

Assine a newsletter matinal Breakfast, uma seleção da Bloomberg Línea com os temas de destaque em negócios e finanças no Brasil e no mundo.

💲 Teste de apetite. Após o sucesso das vendas de títulos de três e dez anos, a última colocação de títulos de prazo mais longo do Tesouro dos EUA indicará a disposição dos investidores em carregar esta dívida. Os mercados ignoraram os temores renovados em relação aos bancos regionais dos EUA e absorveram uma série de avisos de membros do Fed de que um corte não é provável até maio, no mínimo.

PUBLICIDADE

🌊 No azul. O SoftBank obteve seu primeiro lucro após quatro trimestres consecutivos de perdas, apoiado por uma recuperação no valor das participações públicas do Vision Fund e por um ganho inesperado com as ações da T-Mobile US. O investidor em tecnologia sediado em Tóquio informou um lucro líquido equivalente a US$6,4 bilhões para o 4T23, revertendo um prejuízo correspondente a US$5,27 bilhões no mesmo período do ano anterior. Trata-se do seu primeiro lucro desde setembro de 2022. As ações subiram 11,06%.

🦾 Otimismo no horizonte. As ações da Arm Holdings, na qual o SoftBank detém uma participação, saltaram impressionantes 42% depois do fechamento das bolsas nos EUA (no pré-mercado subiam em torno de +25%). A designer de chips fez uma previsão surpreendentemente otimista, mostrando que seu impulso para além dos smartphones está ajudando a alimentar o crescimento e a lucratividade. A receita de janeiro a março deve ficar de US$ 850 milhões a US$ 900 milhões, segundo a empresa, bem acima da média de US$ 778 milhões dos analistas.

🚶‍♀️ Mudança de rumo? A Unilever, conhecida por produtos como sorvete Magnum, desodorante e maionese, relatou crescimento de vendas pela primeira vez em mais de dois anos, indicando uma mudança positiva, já que a queda da inflação de preços levou a um aumento nas compras dos consumidores. No último trimestre de 2023, sua receita subiu 4,7%, um pouco acima das expectativas dos analistas. Como a primeira grande empresa europeia de alimentos a anunciar lucros, o desempenho da Unilever sugere uma possível tendência de alta para as compras de bens de consumo pós-inflação.

🪙 Sinais da ArcelorMittal. A maior siderúrgica do mundo fora da China previu um aumento na demanda pelo metal este ano, depositando sua esperança no forte avanço da Índia. O mercado global de aço foi prejudicado no ano passado, pois os setores de manufatura e construção definharam diante da crise imobiliária da China e do fraco crescimento em muitas das maiores economias do mundo. Espera que o consumo aparente de aço fora da China - um barômetro importante da economia mundial - cresça de 3% a 4% em 2024.

🪢 Maré ruim. As ações da A.P. Moller-Maersk caíram mais de 13% após a empresa dizer que o setor de transporte marítimo deve ser atingido por uma desaceleração no final deste ano, quando o atual aumento das taxas de frete decorrente do conflito no Mar Vermelho evaporar. “Embora a crise do Mar Vermelho tenha causado restrições imediatas de capacidade e um aumento temporário nas tarifas, eventualmente o excesso de oferta na capacidade de transporte marítimo levará à pressão sobre os preços e impactará nossos resultados”, disse hoje o CEO Vincent Clerc.

💊 Mais incertezas no front. A AstraZeneca divulgou lucros e uma previsão anual abaixo das expectativas, destacando as preocupações com as margens de lucro. O ganho por ação do quarto trimestre subiu para US$ 1,45, mas não atingiu as previsões dos analistas devido aos custos mais altos associados ao lançamento de novos medicamentos, incluindo o Airsupra para asma, o que levou a uma queda das ações de até -2% no início das negociações em Londres. O CEO Pascal Soriot está expandindo para novas áreas, como perda de peso, com base em um foco bem-sucedido em tratamentos contra o câncer. Embora as vendas de medicamentos contra o câncer, como o Tagrisso e o Lynparza, continuem a crescer, há incertezas em torno do novo medicamento Dato-DXd, desenvolvido com a Daiichi Sankyo, que aguarda a aprovação regulatória em meio a resultados mistos de ensaios clínicos.

📈 O vaivém dos ativos. Os contratos futuros de índices dos EUA se inclinavam à queda, mas com uma margem muito estreita. As bolsas europeias operavam em alta. No encerramento do mercado acionário da Ásia, onde o mercado operou volátil devido à proximidade do feriado prolongado pelo Ano Novo Lunar, que começa amanhã, os sinais foram variados.

PUBLICIDADE

Os prêmios dos títulos soberanos dos EUA a 10 anos hoje subiam. Os contratos de petróleo WTI perdiam, assim como aqueles atrelados ao ouro baixavam. O bitcoin se valorizava.

(Com informações de Bloomberg News)

🗓️ AGENDA: Os eventos e indicadores em destaque hoje e na semana →

Os mercados esta manhã
🔘 As bolsas ontem (07/02): Dow Jones Industrials (+0,40%), S&P 500 (+0,82%), Nasdaq Composite (+0,95%), Stoxx 600 (-0,23%), Ibovespa (-0,36%)
Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.