Bahia Asset faz aposta defensiva em juro e vê cenário de ‘limbo’

À Bloomberg News, Thiago Mendez, gestor da asset, disse que os mercados locais passam por um momento de incerteza, o que exige operações defensivas e de perfil tático

Traders work at a stock trading centre at the PJSC Sberbank of Russia headquarters in Moscow, Russia, January 30, 2017.
Por Felipe Saturnino
03 de Julho, 2024 | 03:50 PM

Bloomberg — A Bahia Asset Management adota uma postura conservadora em relação ao Brasil e montou uma posição que se beneficia do aumento da inclinação da curva de juros reais, ao mesmo tempo em que tem uma aposta relativa que ganha com a queda dessas taxas e uma alta da inflação precificada no mercado – a chamada inflação implícita.

A leitura é de que os mercados locais passam por um momento de “muita incerteza”, o que recomenda operações defensivas e de perfil tático, disse Thiago Mendez, sócio e gestor de renda fixa e multimercados da Bahia Asset Management.

A Bahia Asset detém uma posição que lucra com o aumento do diferencial entre juros longos e intermediários da curva de juros reais. A leitura é de que os juros longos têm níveis similares aos de taxas intermediárias, em uma operação que também leva em conta a percepção de risco fiscal, disse.

Leia também: As ações mais recomendadas para julho, segundo 11 bancos e corretoras

PUBLICIDADE

Além disso, a gestora aposta em juros reais menores por “uma questão de nível”, dado que há taxas reais em níveis elevados no miolo da curva, acima de 6,50%, o que abre espaço para um ajuste, disse Mendez.

A aposta relativa em queda dos juros reais e em alta da inflação implícita também se relaciona, em parte, com o BC, disse ele, referindo-se ao cenário em que a nova composição do Copom a partir de 2025 poderia aceitar uma inflação mais elevada.

Segundo Mendez, parte da história negativa do primeiro semestre para os ativos brasileiros se deveu ao mundo de juros altos nas economias desenvolvidas, tema que segue em voga no início da segunda metade do ano. Com o diferencial de juro mais enxuto, as incertezas fiscais e sobre o futuro do BC, “os ativos brasileiros têm que ter prêmio de risco para atrair capital”, afirmou.

Limbo

A gestora não detém posições no câmbio, com a visão de que o juro atual não proporciona um carrego — diferencial da taxa doméstica com a do exterior — atrativo para o real, diante do cenário de juros ainda altos nos EUA. Isso, segundo ele, deixa o mercado brasileiro em um limbo.

“Curiosamente, a taxa de juros é alta o suficiente para dificultar que o capital vá para a bolsa, porém, não é alta o suficiente para deixar o real sendo uma moeda muito atrativa”, disse.

“Fica esse limbo para os ativos brasileiros: juros, câmbio e bolsa acabam não performando bem”, completou.

Maiores apostas

No exterior, onde estão as principais posições do fundo, a Bahia Asset está com uma aposta de ganhos da bolsa americana e também em queda de taxas de juros de curto prazo em países desenvolvidos.

PUBLICIDADE

Também detém uma posição que se beneficia do aumento do diferencial de taxas longas e curtas em mercados como EUA, Canadá e Europa.

No México, a Bahia Asset possui posições relativas contra outros emergentes, com a perspectiva de que o CDS do México deva embutir “mais prêmio de risco” em comparação ao CDS de outros países.

Em junho, o multimercado Marau, da Bahia Asset, teve ganhos de 1,76%. Em 12 meses, o fundo avança 10,52%, ou 89% do CDI.

Veja mais em bloomberg.com