Aversão a risco cresce nos mercados com temor sobre juros altos nos EUA e China

Investidores estão atentos à China após a Evergrande pedir proteção contra falência em Nova York; mercado de títulos se ajustam à perspectiva de juros mais altos

Estes são os eventos que orientam os investidores hoje
Por Bianca Ribeiro - Michelly Teixeira
18 de Agosto, 2023 | 07:06 AM

Barcelona, Espanha — A insegurança em relação aos problemas do setor financeiro da China reforça o sentimento de alerta dos investidores, já cautelosos com a hipótese de nova alta de juros e de taxas maiores por mais tempo. A aversão a ativos de risco é notada também no mercado de criptomoedas, onde o bitcoim desliza ao redor de 4%.

Os futuros de índices dos EUA mostravam quedsa, assim como as bolsas europeias. Na Ásia, o fechamento foi negativo.

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Na Europa, o quarto dia de queda se destacava com perdas no setor de mineração e veículos. O índice Stoxx 600 já perdeu 4,8% em agosto, com os setores de recursos básicos, automotivo e industrial reagindo à exposição significativa à China.

A queda das ações nos EUA ocorre quando os investidores devem decidir se vão rolar cerca de US$2,2 trilhões em contratos de opções com prazos mais longos vinculados a ações e índices que estão programados para vencer na sexta-feira. O Goldman Sachs (GS) já havia alertado na quarta-feira sobre o efeito desse fator para a liquidação no S&P500.

No mercado de dívida, o rendimento do título norte-americano para 10 anos recuava após a forte alta da véspera para 4,231% às 06:46 (horário de Brasília).

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Entre as divisas, o euro e a libra se depreciavam em relação ao dólar. Em outros mercados, os contratos de petróleo WTI recuavam e o ouro se valorizava, enquanto o bitcoin perdia ao redor de 4%.

→ O que move os mercados hoje

Super IPO. A Arm deve reunir 28 bancos na lista de subscritores para seu IPO, marcado para o próximo mês e que pode arrecadar entre US$8 bilhões e US$10 bilhões. Além dos líderes Barclays, Goldman Sachs, JPMorgan e Mizuho Financial, a oferta terá 10 subscritores de segundo nível, incluindo Bank of America e Jefferies Financial. De acordo com a Bloomberg, em um terceiro nível estão Daiwa Securities, HSBC, Intesa Sanpaolo SpA e Societe Generale SA.

🏗️ Setor imobiliário preocupa. Cresce o temor de que a crise imobiliária no setor privado da China esteja se ampliando para empresas apoiadas pelo governo. Dos 38 incorporadores imobiliários estatais listados em Hong Kong e no continente, 18 reportaram perdas no primeiro semestre, segundo a Bloomberg. O China Evergrande Group, gigante imobiliário cuja moratória acelerou uma crise há dois anos, buscou proteção contra falência do Capítulo 15 em Nova York.

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🎢 O tombo do bitcoin. As criptomoedas se retraem juntamente com outros ativos de risco, ante a visão de juros mais altos nos EUA. Um relatório do Wall Street Journal citando documentos da SpaceX de Elon Musk vendendo posições em bitcoin influenciou o movimento. O recuo da véspera disparou liquidações maciças e mais de US$ 1 bilhão em posições foram desfeitas nas últimas 24 horas, segundo dados da Coinglass. Nesta manhã a moeda caía cerca de 4%.

🌎 De volta aos 5%. Os estrategistas do Bank of America (BAC) estão alertando os investidores para se prepararem para o retorno do “mundo dos 5%”, que prevalecia antes da crise que levou à era de taxas de juros próximas de zero nos EUA. Apesar da desaceleração recente, o mercado aposta que pressões inflacionárias e incertezas macroeconômicas levarão a taxas maiores.

🚦 Sinal verde para ether? A Securities and Exchange Commission (SEC) dos EUA está pronta para permitir os primeiros fundos negociados em bolsa com base em futuros de ether (XET), segundo a Bloomberg. Enquanto isso, a SEC continua resistente aos ETFs baseados em bitcoin.

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👁️‍🗨️ Apoio e proteção. O Banco Popular da China prometeu “intensificar o ajuste da política macroeconômica” em seu relatório trimestral, reafirmando apoio ao crescimento. O banco central também se comprometeu a evitar o movimento excessivo do yuan, como já vem atuando enquanto para proteger a moeda, cuja queda se aproxima do ponto mais baixo desde 2007.

💂🏻‍♀️ Varejo em queda. As vendas no varejo do Reino Unido caíram 1,2% em julho e ficaram aquém das expectativas pela primeira vez em quatro meses. O tempo frio e chuvoso ajudou a reverter o avanço de 0,6% observado um mês antes. Esse arrefecimento também pode ser efeito do aperto do Banco da Inglaterra (BoE) contra a inflação e do aumento do desemprego.

🎌 Visita ao Japão. Elon Musk chegou ao Japão em sua primeira visita conhecida desde 2014, quando fechou acordo com a em nove anos, quando fechou acordo com a Panasonic Holdings para construir uma fábrica de baterias nos EUA.

Os mercados esta manhã
🟢 As bolsas ontem (17/08): Dow Jones Industrials (-0,84%), S&P 500 (-0,77%), Nasdaq Composite (-1,17%), Stoxx 600 (-0,90%), Ibovespa (-0,53%)

A forte queda nos pedidos de seguro-desemprego nos EUA reforçaram o temor dos investidores de que o Fed eleve novamente os juros. Além disso, o recuo entre big techs como Apple e Intel pesaram sobre os índices de referência.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados e se inscreva no After Hours, a newsletter vespertina da Bloomberg Línea com o resumo do fechamento dos mercados.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: (Sem Dados Relevantes)

Europa: Zona do Euro (IPC/Jul, Produção do Setor de Construção/Jun); Reino Unido (Vendas no Varejo/Jul); Espanha (Confiança do Consumidor)

Ásia: China (Investimento Estrangeiro Direto)

América Latina: México (Vendas no Varejo/Jun)

Bancos centrais: Discurso de Philip Lane (BCE)

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

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Bianca Ribeiro

Bianca Ribeiro

Periodista especializada en economía y finanzas ha trabajado en algunas de las principales publicaciones de Brasil, como Valor, Agencia Estado y Folha de S.Paulo.

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.