Investidores buscam novas pistas sobre plano do Fed após mensagens ‘confusas’

BC americano divulga informações adicionais sobre a tomada de decisão de política monetária

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Bloomberg — O Federal Reserve deverá deixar mais claro nesta quarta-feira (5) as discussões que levaram o banco central dos Estados Unidos a manter a taxa de juros estável na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) em junho.

No mês passado, o Fomc interrompeu uma sequência de 10 altas consecutivas ao longo de 15 meses, mesmo com um arrefecimento da inflação mais lento do que o projetado.

Agora, os formuladores de políticas monetárias preveem dois aumentos adicionais neste ano, mais do que o esperado pelo mercado financeiro, o que tem deixado investidores confusos e em busca de respostas.

O banco central e o presidente Jerome Powell “transmitiram uma mensagem confusa e presumo que reflita um compromisso desconfortável entre os membros hawkish e os dovish no comitê”, disse Kathy Bostjancic, economista-chefe da Nationwide Life Insurance.

“A ata pode fornecer informações sobre isso, mas pode simplesmente repetir a estranha explicação que Powell já deu.”

Powell disse que as autoridades do Fed querem mais tempo para avaliar os dados econômicos à luz dos últimos aumentos, bem como do aperto de crédito após as quebras de bancos em março.

Na semana passada, o chefe do Fed disse que grande parte do comitê espera dois ou mais aumentos e que não descartaria altas dos juros em reuniões consecutivas. A ata desta quarta pode reforçar as expectativas do mercado para uma alta em julho, disse Derek Tang, economista da LH Meyer/Monetary Policy Analytics.

Um aumento em julho não é certo, mas muito possível, já que fica mais difícil para eles afirmarem que o ciclo de aperto monetário ainda está em jogo se não fizerem duas altas seguidas”, disse ele.

Ainda assim, “a ata manterá o máximo de flexibilidade possível: uma taxa de pico provavelmente maior, com uma ampla gama de pontos de vista sobre o tempo adequado”.

“Com os riscos de inflação ainda inclinados para cima, esperamos que as comunicações do Fed continuem agressivas antes da reunião de 25 e 26 de julho”, avalia Stuart Paul, economista-chefe para EUA da Bloomberg Economics.

Dados de inflação e emprego

O Fed receberá dois dados econômicos importantes antes da reunião do mês que vem: o relatório de empregos de junho na sexta-feira (14) e as leituras dos preços ao consumidor para o mesmo mês em 12 de julho.

O índice de preços de gastos com consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês), que é a meta oficial do Fed, subiu em maio no ritmo anual mais lento em mais de dois anos, de acordo com dados do Departamento de Comércio divulgados na última sexta-feira (7).

Mas os formuladores de políticas monetárias têm se concentrado mais nos núcleos da inflação, que excluem alimentos e energia. Esses aumentaram 4,6% em relação a maio de 2022, em comparação com 3,8% para o índice mais amplo.

“O problema é que a economia continuou superando as expectativas e a inflação provou ser rígida, o que pode manter o Fomc mais hawkish por algum tempo”, disse Rubeela Farooqi, economista-chefe da High Frequency Economics nos EUA.

Outro ponto importante será a avaliação do comitê sobre as condições de empréstimo, que são vistas como um obstáculo ao crescimento após as quebras bancárias.

“Em junho, parecia haver preocupação suficiente para justificar uma pausa, de forma a analisar os dados e ver como as coisas estão se desenrolando”, disse Jonathan Millar, economista sênior da Barclays Capital em Nova York.

“Mas se as condições de empréstimo não estiverem se apertando como o esperado, então essa seria uma boa razão para aplicar mais dois aumentos nas próximas duas reuniões.”

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