Ata do Copom: política fiscal expansionista continua a estimular a demanda

Comitê elevou a Selic em 0,50 ponto percentual, para 11,25% ao ano, na última reunião; documento sinaliza que diretores entendem que não houve evolução para melhor do quadro inflacionário

BC protagoniza uno de los ciclos de ajuste monetario más agresivos de la historia (Rodrigo de Oliveira)
12 de Novembro, 2024 | 10:13 AM

Bloomberg Línea — Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada nos dias 5 e 6 de novembro, e divulgada nesta manhã de terça-feira (12) o Banco Central destacou que o ritmo e a magnitude dos ajustes futuros nas taxas de juros serão guiados pela evolução de fatores externos e internos, o que reforça uma abordagem mais cautelosa.

Segundo os diretores do Copom, as futuras decisões sobre a Selic dependerão da evolução de fatores econômicos considerados críticos, incluindo a dinâmica da inflação, as expectativas inflacionárias e os componentes mais sensíveis à atividade econômica.

Em termos de cenário global, o Copom ressaltou que as incertezas permanecem elevadas, particularmente devido às dificuldades econômicas nos Estados Unidos e à desaceleração da China, o que exige cautela especial para economias emergentes. A menor sincronia nas políticas monetárias entre os países também adiciona complexidade ao cenário externo.

Não houve menção específica nominal às perspectivas do novo governo de Donald Trump, cujas promessas de campanha incluem medidas de efeito inflacionário, como redução de impostos e aumento de tarifas de importação, que resultam em bens mais caros no país.

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No contexto doméstico, o Copom observou um mercado de trabalho considerado robusto e uma atividade econômica ainda dinâmica, apesar de sinais iniciais de moderação em alguns indicadores de consumo e renda. A inflação segue acima da meta, com projeções de 4,6% para 2024 e 3,9% para 2025.

Entre os riscos inflacionários, o Comitê destacou a possibilidade de expectativas de inflação desancoradas e uma resiliência maior do que o esperado nos preços de serviços.

“A conjunção de um mercado de trabalho robusto, política fiscal expansionista e vigor nas concessões de crédito às famílias segue indicando um suporte ao consumo e consequentemente à demanda agregada. Em síntese, não se observa alteração relevante no cenário de crescimento prospectivo em relação à reunião anterior”, apontaram os diretores na ata em referência à questão fiscal e a fatores de pressão.

O governo Lula discute nas últimas semanas o anúncio de medidas de revisão de gastos, mas não houve medidas concretas apresentadas até o momento.

Como resposta, o Comitê decidiu elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 11,25% ao ano na última reunião, justificando a necessidade de uma postura mais restritiva para garantir a convergência da inflação à meta e manter a credibilidade da política monetária no longo prazo.

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