Bloomberg — As apostas de parte do mercado em uma eventual aceleração do ritmo de corte da Selic devem ser testadas com a divulgação da ata da última reunião do Copom e do IPCA do mês de agosto.
No exterior, a divulgação do CPI americano de julho baliza as expectativas sobre juros do Fed, enquanto a China divulga a balança comercial.
O resultado financeiro do Itaú Unibanco no segundo trimestre e a oferta subsequente para a privatização da Copel movimentam investidores na bolsa. Veja abaixo 5 destaques da semana que começa:
1. Ata do Copom
O mercado de juros afinará as apostas futuras nesta terça-feira (8) com a ata da última reunião do Copom, que surpreendeu parte do mercado ao cortar a Selic em 0,50 ponto percentual.
Apesar de o BC ter indicado continuidade do ritmo, a curva já precifica uma chance, ainda que minoritária, de aceleração do corte para 0,75 ponto.
“Depois de um comunicado lido como dovish, é provável que o BC use um tom um pouco mais duro na ata, possivelmente aludindo a riscos associados ao aumento da aversão ao risco global e jogando o foco na resiliência da inflação de serviços”, disse Adriana Dupita, da Bloomberg Economics.
Segundo ela, um ponto de interesse de investidores e economistas serão os argumentos dos votos para a decisão dividida, dados que os integrantes do Copom divergiram em um placar de 5 a 4.
2. IPCA de julho
Após a divulgação da ata do Copom, os juros devem reagir na sexta (11) ao IPCA de julho, que deve vir próximo de zero, segundo as estimativas dos economistas. O indicador em 12 meses, no entanto, deve subir no terceiro trimestre, inclusive em julho, à medida que começa a sair do índice acumulado a forte deflação no mesmo período de 2022, derivada de cortes de impostos, segundo a Bloomberg Economics.
“A métrica principal a ser monitorada são os serviços”, disse Dupita. O mercado ainda acompanha potencial redução das projeções de Selic na pesquisa Focus e indicadores como o IBC-Br de junho, as vendas no varejo, a pesquisa de serviços, todos referentes a junho, além do IGP-DI de julho.
3. Inflação nos EUA
As expectativas sobre os juros do Fed serão balizadas por nova bateria de dados, com destaque para o CPI (Índice de Inflação ao Consumidor) americano de julho, que testará a reversão da alta dos yields na sexta (4) com os dados do payroll menores que o previsto.
O CPI, que sai na quinta (10), deve mostrar uma inflação mensal de 0,2%, igual à de junho, mas com aceleração na comparação ano a ano de 3,0% em junho para 3,3% em julho.
O PPI (Índice de Preços ao Produtor) e discursos de dirigentes do Fed como Raphael Bostic e Patrick Harker também podem mover os ativos.
Na Ásia, o BC da Índia decide sobre juros, enquanto os preços de commodities como o minério de ferro podem reagir a dados da balança comercial e da inflação na China. Os bancos centrais do México e Peru também se reúnem na semana e devem manter as taxas inalteradas.
4. Reforma ministerial e PAC
Mudanças nos ministérios podem ser anunciadas nesta semana, com a intenção de construir uma maioria no Congresso para “atender aos interesses da sociedade”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Partidos de centro e de direita têm cobrado ministérios para votar pautas como o arcabouço fiscal e a reforma tributária, segundo jornais.
Lula deve lançar na próxima sexta (11) o novo PAC, que “tem a questão da transição energética que vai favorecer a produção de energia mais barata e sustentável”, segundo o presidente.
Outro evento: o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, disse que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, falará sobre juros no Senado dia 10.
5. Resultados do Itaú e oferta da Copel
A semana que começa concentra a maior fatia dos balanços da temporada do segundo trimestre, com destaque para o Itaú (ITUB4) na segunda-feira, além dos resultados de Banco do Brasil (BBAS3), BTG Pactual (BPAC11), Eletrobras (ELET3, ELET6), Braskem (BRKM5), B3 (B3SA3) e Light (LIGT3) nos dias seguintes.
A oferta subsequente de ações com que a Copel pretende pulverizar seu capital também concentrará as atenções, já que marca a privatização da companhia de energia do Paraná e pode movimentar até R$ 5 bilhões, com base no preço de fechamento de 24 de julho. A definição de preço da oferta será na terça-feira.
- Com a colaboração de Simone Iglesias.
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©2023 Bloomberg L.P.
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