As medidas da China para estimular o mercado em meio às incertezas

Mercados da Ásia enfrentam possibilidade de um ciclo de saída de capital, abalados por atividade fraca, medo de deflação e setor imobiliário mais fraco

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Bloomberg — As autoridades da China intensificaram os esforços nos últimos dias para fortalecer os mercados financeiros, sinalizando que Pequim está desconfortável com a velocidade das quedas nas ações e no yuan.

As bolsas pediram a alguns fundos de investimento que evitassem a venda líquida de ações. Autoridades solicitaram que os bancos estatais intensificassem a intervenção para apoiar o yuan, ao mesmo tempo em que encorajavam as empresas listadas na bolsa de tecnologia Star Board a recomprar ações.

O regulador de valores mobiliários afirmou na sexta-feira (18) à noite que reduzirá as taxas de transação em negociações de ações e estudará a possibilidade de estender o horário de negociação para ações e títulos.

Essas ações complementaram o corte surpresa nas taxas de juros pelo Banco Popular da China nesta semana, o maior desde 2020, e a orientação de fixação do yuan mais enérgica de sempre na sexta-feira.

Até agora, as medidas ainda não conseguiram impulsionar os mercados. Um indicador das ações chinesas listadas em Hong Kong estava a caminho da terceira semana consecutiva de perdas.

O Índice Hang Seng caiu mais de 8% neste ano, figurando entre os maiores perdedores globais. O indicador entrou em mercado baixista na sexta-feira. Enquanto o yuan conseguiu pequenos ganhos em relação ao dólar na manhã de sexta-feira, ele caiu mais de 5% neste ano.

Abalados por dados econômicos desanimadores, medo de deflação, um mercado imobiliário enfraquecido e uma crise no setor de empréstimos paralelos, os mercados financeiros do continente enfrentam a possibilidade de um ciclo vicioso de saída de capital. Investidores estrangeiros foram vendedores líquidos de ações chinesas na sexta-feira, encerrando uma sequência recorde de saídas.

O Índice MSCI China está sendo negociado abaixo do nível da reunião do Politburo. “As pressões da dívida provenientes de construtoras imobiliárias e veículos de financiamento do governo local estão se espalhando por toda a economia da China”, escreveu Xiaoxi Zhang, analista da Gavekal Research, em uma nota datada de 16 de agosto.

Outros investidores enfatizam uma visão mais positiva a longo prazo. Concentrar-se nos problemas da China pode ser uma abordagem retrospectiva neste momento, visto que pode ser a hora certa de buscar oportunidades de ações devido às quedas nos “valluations”, afirmou Joshua Crabb, chefe de ações da Ásia-Pacífico na Robeco Hong Kong Ltd., em uma entrevista à Bloomberg Television.

Entre outras coisas, Crabb espera mais estímulos para fortalecer o consumo. Outros pontos a serem observados no arsenal de Pequim incluem a redução do imposto de selo sobre negociações de ações, o aumento dos limites de investimento estrangeiro e a flexibilização das regras de negociação de ações.

Os anúncios sobre a redução das taxas de transação de ações e a consideração de estender o horário de negociação “podem ajudar a suavizar parte da volatilidade do mercado financeiro e reduzir os custos de transação, mas não abordam as questões centrais de falta de confiança e ímpeto econômico”, disse Marvin Chen, estrategista da Bloomberg Intelligence.

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