Bloomberg — A família de fundos Artax, da Itaú Asset Management, avalia que a medida de risco-país não precifica de maneira adequada as atuais dificuldades fiscais do Brasil. O fundo também espera um aperto maior da Selic para conter a inflação pressionada.
Bruno Bak, gestor do Itaú Artax, disse que o CDS do Brasil — derivativo de crédito que funciona como um seguro contra calote soberano em moeda estrangeira — deveria estar em um nível mais alto do que o exibido atualmente.
A família Artax possui uma posição comprada — que se beneficia da piora do indicador — no CDS de 5 anos brasileiro contra uma carteira de CDS de outros países.
“É o ativo que me parece que está mais mal precificado, mais assimétrico”, disse Bak em entrevista no escritório da Itaú Asset, em São Paulo.
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O CDS brasileiro está atualmente operando ao redor de 170 pontos e, para Bak, deveria estar cerca de 50 pontos mais alto.
O Artax está fora de apostas nos mercados de juros e câmbio domésticos. Bak enxerga pressão no dólar à frente, dada a situação fiscal e o viés de desaceleração da economia, que se combinam ao vigor da moeda americana em um cenário de tarifas aplicadas pelo governo de Donald Trump.
“Vejo uma trajetória de depreciação cambial no horizonte dos próximos seis meses”, afirmou Bak.
Para a equipe de gestão do Artax, a inflação deve continuar pressionada, com uma taxa de 6,1% neste ano, devido a um mercado de trabalho forte e efeitos da alta do dólar, segundo Bak.
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O Banco Central deve deixar a Selic mais perto do patamar de 16% ao fim do ciclo, disse ele. “É provável que o BC postergue a convergência da inflação”, afirmou Bak, ao citar que, pelas contas do Artax, a Selic deveria ser de 17,5% a 18% para devolver a inflação ao centro da meta.
A família de fundos possui, ainda, uma baixa exposição a ações locais, com a visão de um cenário macroeconômico desafiador. O objetivo de momento é explorar temas micro, disse Bak.
No exterior, o Artax está com uma posição que ganha com a valorização do dólar ante o yuan chinês, além de uma aposta no aumento da inclinação — elevação do diferencial de juros longos e curtos — na curva de juros do México, depois do corte de 0,50 ponto percentual pelo Banco do México semana passada. Também está tomado — aposta que ganha com a alta — em juros no Chile.
O Itaú Artax tem R$ 3,98 bilhões em ativos sob gestão e entregou um retorno de 43% após taxas desde a sua criação, em 2022.
O fundo tem uma equipe de gestão de nove pessoas, além de receber suporte de cerca de 20 profissionais da área de análise econômica da Itaú Asset.
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