Bloomberg — A Arm Ltd., empresa de semicondutores respaldada pelo SoftBank Group Corp., tem como meta uma oferta pública inicial com uma avaliação (valuation) entre US$ 60 bilhões e US$ 70 bilhões em setembro, um sinal de interesse de alta nos chips de inteligência artificial (IA), de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.
O roadshow estaria programado para começar na primeira semana de setembro, com a fixação de preços para o IPO na semana seguinte, disse uma das fontes, que pediu para não ser identificada porque as conversas são privadas. A última meta para a avaliação da Arm ressalta uma mudança no humor do mercado em favor das tecnologias ligadas à IA generativa e aos chips. No início deste ano, os banqueiros estavam propondo uma série de avaliações para o designer de chips de US$ 30 bilhões a US$ 70 bilhões, informou a Bloomberg News.
O SoftBank, liderado por Masayoshi Son, e o CEO da Arm, Rene Haas, há muito tempo consideravam a parte inferior dessa faixa muito baixa. Os executivos da Arm ainda podem estar buscando uma avaliação de até US$ 80 bilhões, mas as chances de atingir essa meta são incertas, disse uma das pessoas.
A Arm “tem tido um papel extremamente importante, mas um papel nos bastidores e não muito bem compreendido durante muito tempo”, disse Bob O’Donnell, presidente da TECHnalysis Research. “Agora há uma maior conscientização sobre o que a Arm faz e o papel que ela desempenha.”
A empresa de chips pretende levantar até US$ 10 bilhões no IPO, informou a Bloomberg News. No topo da lista, a estreia da Arm deve ser a maior do setor de tecnologia desde a Alibaba Group Holding Ltd. em 2014 e a Meta Platforms Inc. (então Facebook Inc.) em 2012. A estreia ocorre durante um período de seca para IPOs, dada a incerteza econômica global e a guerra na Ucrânia.
A SoftBank e a Arm não quiseram comentar. As ações da SoftBank caíram 3,7%, enquanto o índice de referência Nikkei baixou 2,3%.
A Arm fez um registro confidencial para uma listagem nos EUA em abril. Um punhado de grandes nomes do setor, incluindo a Nvidia Corp. e a Intel Corp., tem se envolvido em conversas preliminares para se tornarem investidores-âncora na IPO, que poderá ser a maior estreia do ano no mercado.
Goldman Sachs Group Inc., JPMorgan Chase & Co., Barclays Plc e Mizuho Financial Group Inc. foram nomeados como bancos da IPO no registro, informou a Bloomberg News.
Embora a tecnologia da empresa sediada em Cambridge, no Reino Unido, seja usada em quase todos os smartphones do planeta, seu lugar no setor é nebuloso há muito tempo. A Arm vende as matrizes necessárias para projetar microprocessadores e licencia a tecnologia conhecida como conjuntos de instruções que determinam como os programas de software se comunicam com esses chips. A eficiência energética da tecnologia da Arm ajudou a torná-la onipresente nos telefones, onde a duração da bateria é fundamental.
Haas, que assumiu o cargo de CEO no ano passado, agora está trabalhando para se expandir para além do mercado de smartphones, que estagnou nos últimos anos. Ele tem como alvo a computação mais avançada, especialmente os chips para data centers para computação em nuvem e aplicativos de inteligência artificial.
Os processadores para esse mercado estão entre os mais caros - e lucrativos - do setor. A Amazon adotou chips baseados em Arm para seus Amazon Web Services porque afirma que eles são mais eficientes em termos de energia e economia. Eles são usados por 40.000 clientes da AWS.
As estimativas para o valor da Arm têm flutuado descontroladamente em conjunto com as ações de chips desde que o SoftBank adquiriu a empresa por US$ 32 bilhões em 2016, retirando-a da lista da Bolsa de Valores de Londres. O fundador do SoftBank, Son, tem falado regularmente sobre o potencial de crescimento futuro da Arm e seu domínio em IP de chips. Em fevereiro do ano passado, Son disse que queria que a estreia da Arm fosse “a maior” na história do setor de semicondutores.
Uma IPO bem-sucedida da Arm marcaria uma rara vitória para o SoftBank, que enfrentou dificuldades depois de uma incursão mal-sucedida no investimento em startups. O braço Vision Fund da empresa perdeu 6,9 trilhões de ienes (US$ 48 bilhões) nos últimos dois anos fiscais, com a queda do valor de suas participações.
-- Com a colaboração de Edwin Chan.
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