Bloomberg — Uma reunião do Fed (Federal Reserve) geralmente é a história da semana no mercado de ações. Desta vez, no entanto, os investidores estão mais focados no resultado trimestral da Apple (AAPL), que sai na quinta-feira (2), do que na decisão de taxa de juros do banco central na quarta-feira (1º).
Há razões para preocupação com a Apple.
A empresa mais valiosa do mundo, que representa 7,2% do índice S&P 500, enfrenta uma queda nas vendas de smartphones, e um de seus principais fornecedores está sob investigação na China. Espera-se uma queda na receita pelo quarto trimestre consecutivo, a mais longa sequência em mais de duas décadas.
Outras grandes empresas de tecnologia viram suas ações caírem após postarem sólidos ganhos este mês, de modo que os investidores podem não ser indulgentes se a Apple mostrar fraqueza.
A ação caminha para seu um terceiro mês consecutivo de perdas, algo que não acontece desde o forte tombo dos papéis no meio do ano passado. O último revés apagou cerca de US$ 460 bilhões em valor de mercado de uma empresa anteriormente avaliada em cerca de US$ 3 trilhões.
“Se a qualidade dos ganhos piora para as grandes empresas de tecnologia - que tem sido um grande fator de suporte às ações neste ano -, isso dá aos investidores com apostas na alta do mercado um ganho a menos para se agarrar,” disse Ed Clissold, estrategista-chefe dos EUA na Ned Davis Research, em entrevista.
A Apple é grande o suficiente por si só para influenciar os retornos do S&P 500, mas também pode afetar outras ações. O mercado está instável, com o S&P 500 e o Índice Nasdaq 100 tendo perdido cerca de 10% desde seus picos de julho. Os resultados trimestrais das chamadas sete grandes empresas de tecnologia - Alphabet, Amazon, Apple, Meta Platforms, Microsoft, Nvidia e Tesla - impulsionaram as quedas após alimentarem o aumento das ações até julho.
Claro, a decisão do Fed ainda é uma grande notícia. Embora os traders em geral esperem que o banco central mantenha as taxas estáveis, eles estarão ouvindo atentamente ao que o presidente Jerome Powell vai dizer em sua coletiva de imprensa depois da reunião, procurando por dicas sobre o caminho a seguir e a perspectiva econômica.
Outros eventos significativos também estão aumentando o risco global.
A escalada da guerra na Faixa de Gaza está apenas no começo, com Israel enviando tropas e tanques para a área em sua segunda e mais longa fase de combate contra o Hamas. O medo é que grupos apoiados pelo Irã aumentem ainda mais os ataques no Oriente Médio em resposta.
No mundo financeiro, apenas algumas horas antes da decisão de taxa de juros de quarta-feira do Fed, o Tesouro dos EUA anunciará planos de venda de títulos e notas para refinanciar a dívida vencida do governo, conhecida como refinanciamento.
Outro aumento nas vendas poderia fazer os rendimentos dispararem novamente e renovar a pressão sobre as ações de crescimento, cujo valor presente dos lucros futuros vale menos à medida que as taxas aumentam.
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