Bloomberg — A gestora Amundi aposta que o “tratamento de choque” de Javier Milei e o possível retorno de Donald Trump — que provavelmente pressionaria por um acordo de paz com a Rússia — vão ajudar a impulsionar os títulos argentinos e ucranianos.
A gigante de investimentos francesa vem avaliando as implicações de divisores de águas políticos para se posicionar para o próximo ano. Os títulos externos argentinos e ucranianos já estão entre os com melhor desempenho no mundo emergente este ano, em meio à perspectiva de corte de juros do Fed e outros grandes bancos centrais.
“Estamos muito positivos em relação à Argentina e à Ucrânia”, disse Yerlan Syzdykov, chefe global de mercados emergentes da maior gestora da Europa. “Estas são as nossas principais escolhas, onde acreditamos que ainda existe um valor significativo, apesar dos reveses no campo de batalha no caso da Ucrânia.”
A Amundi já começou a investir parte dos seus US$ 2 trilhões sob gestão em dívida externa da Ucrânia, apostando que os EUA pressionarão o governo em Kiev a negociar com o invasor, a Rússia, disse Syzdykov. A perspectiva de Trump vencer as eleições americanas no próximo ano pode tornar um acordo inevitável, disse ele.
“Acreditamos que o próximo ano será o ano em que finalmente seremos capazes de parar esta guerra”, disse ele, acrescentando que um foco pós-conflito na reconstrução e na adesão à União Europeia seria “inequivocamente muito positivo” para ativos da Ucrânia.
São apostas arriscadas. Nem a Ucrânia nem a Rússia demonstraram interesse em negociações de paz e o caminho da Ucrânia para adesão à UE está repleto de obstáculos. E o regresso de Trump no final de 2024 também não é uma certeza.
Na Argentina, onde a Amundi assumiu posições compradas em dívida soberana, provincial e corporativa, a aposta é que Milei, o presidente que se autodenomina “anarco-capitalista”, realizará ajustes fiscais radicais.
“Já estamos comprados”, disse Syzdykov em entrevista de o novo governo anunciar o início de seu “tratamento de choque” para a economia na noite de terça-feira, incluindo uma desvalorização de 54% do peso. “É claro que haverá momentos em que possivelmente haverá frustração com o ritmo das reformas. Portanto, usaremos isso como uma oportunidade para agregar.”
Em dívida em moeda local, a Amundi diz que Brasil e México são os principais mercados onde tem exposição alta, com posições vendidas na Ásia e compradas na América Latina para ganhar com o diferencial de juros.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
COP28: países fecham acordo que propõe reduzir combustíveis fósseis pela primeira vez
IPCA de novembro reforça ritmo de cortes da Selic em 0,5 ponto, dizem economistas
© 2023 Bloomberg LP