Ações na Europa sobem mais de 1% em correção após turbulência da véspera

“Eu não apostaria alto numa recuperação duradoura, a menos — e até — que vejamos uma mudança clara nas políticas”, disse Michael Brown, estrategista sênior de pesquisa do Pepperstone

Ações globais ampliam perdas com tarifaço de Trump e aversão a riscos |
08 de Abril, 2025 | 06:51 AM

Bloomberg — As ações globais ensaiaram uma recuperação modesta nesta terça-feira (8) enquanto os investidores buscam oportunidades de compra na baixa e aguardam clareza sobre como as políticas comerciais do presidente Donald Trump irão se desenrolar.

As ações na Europa se recuperaram da pior perda em três dias nos últimos cinco anos, enquanto os futuros dos índices acionários dos EUA apontavam para ganhos em Wall Street após os movimentos bruscos de segunda-feira.

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Os títulos do Tesouro avançaram após uma forte liquidação no dia anterior. O dólar recuou frente às principais moedas.

A volatilidade disparou, com US$ 10 trilhões sendo eliminados dos mercados acionários globais depois que os EUA anunciaram tarifas abrangentes na semana passada.

À medida que aumentam os temores de uma recessão global e de uma guerra comercial em escala crescente, investidores se agarram a qualquer sinal de alívio — alguns, incluindo Larry Fink da BlackRock, enxergam uma oportunidade de compra de longo prazo.

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Já estrategistas do Goldman Sachs Group alertam para um mercado baixista cíclico mais duradouro, à medida que os riscos de recessão aumentam.

“Tecnicamente, o cenário de hoje é o típico de um ‘Turnaround Tuesday’ [terça-feira de virada], quando cabeças mais frias tendem a prevalecer e compradores na baixa aparecem”, disse Michael Brown, estrategista sênior de pesquisa do Pepperstone.

“Mas eu não apostaria alto numa recuperação duradoura, a menos — e até — que vejamos uma mudança clara nas políticas.”

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Trump fez uma série de declarações na segunda-feira sobre as tarifas planejadas para parceiros comerciais ao redor do mundo.

No entanto, ele ofereceu pouca clareza sobre o que espera em troca da redução das tarifas — ou se está sequer disposto a oferecer algum alívio. Ele rejeitou uma proposta da União Europeia para eliminar tarifas sobre todos os bens industriais no comércio bilateral com os EUA, e ameaçou impor uma taxa adicional de 50% sobre importações da China.

“Os mercados foram muito longe, muito rápido”, disse Michael Kelly, chefe global de investimentos multissetoriais da PineBridge Investments. “É hora de eles se estabilizarem e entenderem qual será o próximo passo: subir porque as tarifas vão cair, ou cair porque a economia global está em declínio.”

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Os títulos do Tesouro reduziram algumas das fortes perdas de ontem — em certo momento, os rendimentos de longo prazo subiram mais do que em qualquer outro momento desde março de 2020.

Os investidores vão observar as vendas de títulos nesta terça-feira para ver se há algum sinal de enfraquecimento da demanda, com os EUA prestes a vender notas de três e dez anos, além de títulos de 30 anos.

“A movimentação de preços da noite passada foi mais sobre redução de riscos e realização de lucros nas operações que estão no azul, para cobrir perdas em outros ativos como ações”, disse Damien McColough, chefe de pesquisa de renda fixa do Westpac Banking Corp., baseado em Sydney.

Os índices em Hong Kong e na China avançaram à medida que fundos estatais compraram ativos e o banco central prometeu empréstimos para ajudar a estabilizar o mercado.

As ações japonesas saltaram depois que Trump designou dois membros de seu gabinete para iniciar negociações comerciais bilaterais, após uma ligação com o primeiro-ministro Shigeru Ishiba.

O Japão parece estar prestes a ter prioridade sobre outros parceiros comerciais dos EUA nas negociações sobre tarifas, colocando Tóquio à frente de uma longa fila de países que buscam reverter as tarifas.

Na terça-feira, a China criticou os EUA por ameaçarem aumentar as tarifas e prometeu retaliação caso Washington siga adiante. Enquanto isso, em sinais de que Pequim se prepara para uma tensão comercial prolongada, seus fundos estatais prometeram comprar ações locais e fundos negociados em bolsa.

O banco central afirmou que oferecerá apoio a um fundo soberano quando necessário, a fim de garantir a estabilidade dos mercados de capitais. Também permitiu que o yuan enfraquecesse por meio de uma taxa de referência mais baixa.

Veja a seguir outros destaques desta manhã de terça-feira (8 de abril):

- Stellantis avalia futuro de marcas. O presidente do conselho da holding, John Elkann, pediu à consultoria McKinsey que avaliasse opções para a Maserati e a Alfa Romeo, incluindo a parceria com fabricantes para acessar tecnologias, segundo pessoas familiarizadas que falaram à Bloomberg News.

- Cenário baixista para o petróleo. Analistas do Goldman Sachs projetam que o petróleo Brent tem potencial, em cenários extremos, de cair abaixo de US$ 40 por barril no final de 2026, à medida que a guerra comercial se intensifica e a oferta aumenta.

- Demanda chinesa da Porsche. As vendas da montadora na China caíram 42% e atingiram o nível mais baixo em mais de uma década, o que limita ainda mais as perspectivas da marca de carros de luxo, justamente quando novas tarifas dos EUA ameaçam o seu maior mercado.

Mercados globais 08/04/25
🔘 As bolsas ontem (07/04): Dow Jones Industrials (-0,91%), S&P 500 (-0,23%), Nasdaq Composite (+0,10%), Stoxx 600 (-4,50%), Ibovespa (-1,31%)

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-- Com informações da Bloomberg News.

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Naiara Albuquerque

Formada em jornalismo pela Fáculdade Cásper Líbero, tem mestrado em Ciências da Comunicação pela Unisinos, e acumula passagens por veículos como Valor Econômico, Capricho, Nexo Jornal e Exame. Na Bloomberg Línea Brasil, é editora-assistente especializada na cobertura de agronegócios.