Ações na Europa e nos EUA recuam com redução de apostas em corte do Fed

Declarações de Jerome Powell de que não há pressa em reduzir as taxas contêm parte da euforia de investidores que se seguiu à eleição de Donald Trump na última semana

Ações globais recuam depois que Jerome Powell sinalizou na quinta que o Fed não tem pressa em cortar as taxas de juros
Por Margaryta Kirakosian - Allegra Catelli
15 de Novembro, 2024 | 08:23 AM

Bloomberg — As ações globais recuavam nesta manhã de sexta-feira (15) - de mercado fechado no Brasil por causa de feriado do Dia da Proclamação da República - depois que Jerome Powell sinalizou na quinta-feira (14) que o Federal Reserve não tem pressa em cortar as taxas de juros.

O índice Stoxx 600 da Europa caiu perto de 0,30% mais cedo, a caminho de sua quarta queda semanal, com o setor farmacêutico entre os maiores perdedores, depois que Trump nomeou um proeminente cético em relação às vacinas para um cargo importante na política de saúde. As ações de fabricantes de vacinas, como Sanofi, GSK e AstraZeneca, caíram com a reação de investidores à notícia.

Os índices de ações dos EUA têm um segundo dia de queda em Wall Street, com os contratos do Nasdaq 100 com perdas acima de 1,00%. As farmacêuticas Moderna, Novavax e BioNTech também caíram no pré-mercado de Nova York.

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O S&P já devolveu cerca de um terço dos ganhos obtidos após a eleição presidencial dos EUA, à medida que parte do otimismo em relação ao crescimento corporativo sob o comando de Trump se desvanece.

Há também a percepção de que as taxas de juros cairão menos rapidamente do que o previsto, com dados recentes que mostram pressões inflacionárias ainda elevadas e Powell confirmando que o Fed pode levar mais tempo para flexibilizar sua política monetária.

“Os mercados acionários parecem estar se ajustando à nova trajetória de corte das taxas, mas isso não parece ser um divisor de águas”, disse Mathieu Racheter, chefe de estratégia de ações do Julius Baer. “Alguns anúncios controversos do gabinete obviamente não ajudam o mercado.”

Os comentários de Powell reduziram - na visão do mercado - as chances de um corte nas taxas em dezembro para menos de 60%, em comparação com cerca de 80% no dia anterior. Os rendimentos dos títulos do Tesouro de dois anos se estabilizaram, depois de terem saltado na sessão anterior em resposta a isso.

No entanto, a perspectiva de taxas de juros mais altas por mais tempo é favorável ao dólar., que permaneceu abaixo do nível máximo de dois anos atingidos na quinta-feira, mas está pronto para seu sétimo ganho semanal consecutivo.

Os indicadores dos mercados globais nesta manhã de sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Uma clareza mais ampla sobre o caminho a ser tomado pelo Fed pode surgir nesta sexta, quando os EUA divulgarem os dados das vendas no varejo em outubro e uma série de autoridades do Fed discursarem.

O bitcoin, também devolveu parte dos ganhos. Ele chegou a atingir um nível recorde de US$ 93.000 no início desta semana, na esperança de políticas favoráveis às criptomoedas por parte do novo governo dos EUA.

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“Muitas das boas notícias já estão precificadas no bitcoin. O que o mercado precisa agora são medidas políticas concretas do governo Trump”, disse Jochen Stanzl, analista-chefe de mercado da CMC Markets.

Na Ásia, o índice regional do MSCI registrou seu primeiro ganho nesta semana, enquanto o índice CSI 300 da China caiu, apesar de alguns sinais de resiliência na economia do país. Nas commodities, o petróleo e o ouro registraram uma queda semanal, pressionados pelo fortalecimento do dólar.

-- Este artigo foi produzido com a ajuda da Bloomberg Automation.

-- Com a colaboração de Winnie Hsu, Matthew Burgess e Richard Henderson.

-- Matéria atualizada às 11h40 com a abertura da sessão à vista em bolsas americanas.

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