Bloomberg — As ações globais operam em queda nesta quinta-feira (24) à medida que sinais mistos do governo Trump sobre seus planos para tarifas à China reduziram o apetite dos investidores por risco.
Na Europa, as ações caíram depois que o Secretário do Tesouro, Scott Bessent, levantou dúvidas sobre uma resolução rápida para a guerra comercial entre os EUA e a China, enquanto Pequim afirmou que os dois lados não estão em negociações sobre as tarifas.
Os futuros dos EUA recuaram, enquanto as ações asiáticas interromperam uma sequência de cinco dias de ganhos. O dólar enfraqueceu, à medida que movimentos imprevisíveis da Casa Branca aumentaram a demanda por ativos considerados mais seguros, como o franco suíço, o iene e o ouro. Os títulos do Tesouro dos EUA subiram levemente.
Os traders europeus também enfrentam uma enxurrada de balanços nesta quinta-feira. As ações da Unilever subiram após a empresa superar as estimativas de vendas, enquanto a Nestlé recuou. O BNP Paribas caiu com a queda no lucro.
Nos EUA, as ações da IBM caíram 8% no pré-mercado, após seus resultados ficarem abaixo das expectativas do mercado.
A queda nas ações nesta quinta-feira atenuou os ganhos do dia anterior, impulsionados por sinais de que o presidente Donald Trump estaria reconsiderando os elementos mais agressivos de suas posições sobre o comércio e o Federal Reserve.
Os movimentos destacam como os investidores estão com dificuldades para acompanhar o fluxo constante de manchetes vindas de autoridades do governo e as frequentes mudanças de postura de Trump sobre as tarifas.
“O perigo de operar com base nas manchetes é que os comentários mudam diariamente e depois pode surgir uma narrativa diferente”, disse Brent Schutte, diretor de investimentos da Northwestern Mutual Wealth Management.
“Ainda há um bom caminho até sabermos qual será o resultado dessas tarifas comerciais. É preciso observar quando o impacto começará de fato a atingir os EUA.”
Bessent afirmou que Trump não ofereceu suspender unilateralmente as tarifas dos EUA sobre a China. O secretário do Tesouro disse que o governo está analisando múltiplos fatores com relação à China, além das tarifas — incluindo barreiras não tarifárias e subsídios governamentais. Um reequilíbrio completo do comércio pode levar de dois a três anos, afirmou ele.
A China disse nesta quinta-feira que os EUA devem revogar todas as tarifas unilaterais se quiserem resolver os problemas entre os dois países. Os dois lados não estão em negociações sobre tarifas, e os EUA precisam demonstrar sinceridade se quiserem conversar, disse He Yadong, porta-voz do Ministério do Comércio da China.
“Eu aproveitaria qualquer alta para aconselhar quem está excessivamente concentrado no mercado dos EUA a se certificar de que está diversificado e tem exposição global”, disse Schutte, da Northwestern Mutual.
Nos mercados de commodities, o petróleo manteve sua queda, enquanto investidores avaliavam a perspectiva de mais oferta da OPEP+ e os desdobramentos das tensões comerciais entre EUA e China.
Veja a seguir outros destaques desta manhã de quinta-feira (24 de abril):
- Samba impulsiona Adidas. A empresa alemã de artigos esportivos registrou um lucro operacional de € 610 milhões no trimestre, acima da média estimada por analistas. A procura dos consumidores por tênis retrô, como o modelo Samba, impulsionou os resultados, segundo a companhia.
- Farmacêuticas de olho em tarifas. As maiores fabricantes de medicamentos da Europa estão buscando maneiras de se proteger das tarifas de Trump. A Roche decidiu transferir a produção de alguns medicamentos para os EUA, enquanto a Sanofi busca investir em manufatura no país.
- Renault mantém guidance. A montadora manteve sua previsão financeira para o ano, após conseguir aumentar as vendas de veículos no primeiro trimestre. Os embarques no período cresceram 2,9% e totalizaram 564.980 unidades, impulsionados pela demanda por modelos elétricos.

🔘 As bolsas ontem (23/04): Dow Jones Industrials (+1,07%), S&P 500 (+1,67%), Nasdaq Composite (+2,50%), Stoxx 600 (+1,78%), Ibovespa (+1,34%)
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-- Com informações da Bloomberg News.
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