Bloomberg — As ações globais operam em queda nesta segunda-feira (31). Os investidores buscam se proteger no ouro e nos títulos do Tesouro antes do prazo do presidente Donald Trump para um novo conjunto de tarifas comerciais globais abrangentes.
O índice Stoxx 600 da Europa recuou 1,1%, com as ações mais expostas a tarifas — como as de mineração, bancos e montadoras — liderando as perdas.
Os futuros do S&P 500 caíram 0,7% no fim de um trimestre difícil. O ouro atingiu um novo recorde histórico, enquanto os rendimentos dos títulos do Tesouro caíram mais de cinco pontos-base. O índice do dólar da Bloomberg recuou ligeiramente.
Mais cedo, as ações em Hong Kong e Tóquio despencaram, com esta última atingindo o nível mais baixo em mais de seis meses.
Governos ao redor do mundo se preparam para o avanço das tarifas recíprocas de Trump, que ele afirmou que começarão com “todos os países” em 2 de abril.
Embora a administração ainda não tenha detalhado quais tarifas serão aplicadas, elas se somam a uma série de medidas já impostas por Trump em setores como aço, alumínio e automóveis.
Isso tem levado gestores de investimento a reduzir suas participações em ações em favor de títulos e outros ativos considerados seguros, apostando que a crescente guerra comercial levará a mais cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve e pelo Banco Central Europeu.
Os economistas do Goldman Sachs agora preveem três cortes de juros em ambos os bancos, revisando suas previsões anteriores.
“Tudo se resume à incerteza sobre as tarifas”, disse Mohit Kumar, estrategista da Jefferies. “O cenário negativo para o mercado seria que 2 de abril marque apenas o início das negociações, levando a um longo período de discussões sem clareza sobre a estrutura tarifária.”
O risco de danos ligados às tarifas levou o S&P 500 ao seu pior trimestre desde 2022, eliminando US$ 5 trilhões de seu valor desde o recorde de 19 de fevereiro.
Já há sinais de impacto econômico, com dados da semana passada mostrando uma queda na confiança do consumidor nos EUA e um aumento nas expectativas de inflação.
A depender da escala das tarifas anunciadas, a Bloomberg Economics estima um impacto de 4% no PIB dos EUA em um período de dois a três anos, além de um aumento de 2,5% nos preços.
O ouro subiu até 1%, atingindo um recorde de US$ 3.115,97 por onça. Os preços do metal já acumularam alta de cerca de 19% neste ano, registrando pelo menos 15 recordes históricos. O iene, outro ativo de refúgio, subiu 0,7% em relação ao dólar.
Os temores de desaceleração econômica pressionaram os contratos futuros do petróleo Brent, que devolveram os ganhos iniciais impulsionados pela ameaça de Trump no fim de semana de impor tarifas secundárias ao petróleo russo, caso seu homólogo Vladimir Putin se recuse a um cessar-fogo com a Ucrânia.
Veja a seguir outros destaques desta manhã de segunda-feira (31):
- Projeções para o S&P 500. O principal estrategista de ações dos EUA do Goldman Sachs, David Kostin, reduziu sua meta para o S&P 500 pela segunda vez neste mês. Kostin estima que o índice termine o ano em torno de 5.700 pontos, com um maior risco de recessão e incertezas sobre tarifas.
- Fundo do Japão de olho em ESG. O Fundo de Investimento em Pensão do Governo do Japão (GPIF), de US$ 1,7 trilhão, emitiu novas diretrizes para apoiar investimentos relacionados à sustentabilidade como fundamentais para retornos de longo prazo.
- Trump ameaça Putin com tarifas. O presidente americano disse à NBC News que está “muito irritado” com Vladimir Putin e ameaçou impor “tarifas secundárias” sobre os compradores de petróleo russo caso o líder do país se recuse a um cessar-fogo com a Ucrânia.

🔘 As bolsas na sexta-feira (28/03): Dow Jones Industrials (-1,64%), S&P 500 (-2,04%), Nasdaq Composite (-2,78%), Stoxx 600 (-0,87%), Ibovespa (-0,94%)
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-- Com informações da Bloomberg News.
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