Ações europeias já negociam com desconto de 40% vs EUA, diz head do Carlyle

Para Jason Thomas, que lidera a área de research global, ativos europeus estão ‘excepcionalmente baratos’, enquanto alta de ações de tech americanas começa a parecer exagerada

Sede da Euronext em Amsterdã: ações europeias estão baratas de modo excepcional, segundo o Carlyle (Foto: Peter Boer/Bloomberg)
Por Lisa Abramowicz
09 de Janeiro, 2025 | 08:34 AM

Bloomberg — A alta das grandes ações de tecnologia dos EUA começa a parecer exagerada, o que aumenta o apelo das ações europeias em dificuldades, de acordo com Jason Thomas, do Carlyle Group.

O euro pode atingir a paridade com o dólar nos próximos meses, o que oferece a investidores em dólares americanos um impulso cambial, juntamente com valuations que já tornam as ações europeias “excepcionalmente baratas”, disse Thomas na terça-feira em uma entrevista à Bloomberg News.

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As ações europeias que estão sendo negociadas com um desconto de 40% em relação aos ativos dos EUA, segundo ele.

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“Isso proporciona uma compensação de risco bastante significativa para os investidores”, disse Thomas, head de research global e estratégia de investimento da Carlyle, sediada em Washington.

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Ao mesmo tempo, disse ele, as grandes empresas de tecnologia adotaram um modelo de negócios “mais pesado em termos de ativos”, colocando os valuations em um foco mais nítido.

A análise de Thomas faz dele um caso atípico em um momento em que as previsões de uma recuperação europeia permanecem frustrantemente elusivas e as ações de tecnologia dos EUA mantêm um desempenho de destaque.

A valorização de 186% do S&P 500 na década atual até 2024 se compara ao ganho de 48% do Índice Stoxx Europe 600.

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Mas o euro atingiu a cotação mínima de US$ 1,0226 em 12 meses na semana passada, muito longe de sua máxima de US$ 1,1214 em setembro de 2024 - e o modelo de previsão de taxas de câmbio da Bloomberg mostra riscos crescentes de um preço abaixo de US$ 1.

“Eu prestaria muita atenção às mudanças na Europa”, disse Thomas.

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Uma das grandes perguntas sem resposta na região, segundo ele, é se os líderes agirão de acordo com a recomendação do ex-presidente do Banco Central Europeu Mario Draghi de investir até € 800 bilhões (US$ 829 bilhões) por ano e se comprometer com a emissão regular de títulos comuns para melhorar a competitividade global do bloco.

Com relação às perspectivas em tecnologia dos EUA, Thomas disse que os investidores precisam avaliar se os investimentos massivos em infraestrutura de IA e data centers - uma onda que impulsionou a Nvidia (NVDA) a quase triplicar de valor nos últimos 12 meses - serão compensados.

“Os valuations dessas empresas estão implicando que o retorno sobre esse capital ficará na faixa de 25% a 30%, e estamos aguardando a prova”, disse ele.

- Com a colaboração de Jonathan Ferro e Annmarie Hordern.

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