Ações derretem no Oriente Médio em segundo dia de conflito entre Israel e Hamas

Principais índices de ações da região caem neste domingo (8) após ataque surpresa em Israel no dia anterior pelo grupo palestino Hamas

Panel de acciones
Por Netty Ismail - Galit Altstein
08 de Outubro, 2023 | 10:31 AM

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Bloomberg — As repercussões do ataque surpresa de sábado (7) em Israel pelo grupo palestino Hamas ecoaram nos mercados do Oriente Médio, levando à queda das ações e definindo o tom para o que provavelmente será uma semana volátil.

Os principais índices de ações da região caem neste domingo (8), liderados por uma queda de 7% no índice de referência TA-35 de Israel, sua maior perda em mais de três anos.

O índice Tadawul All Share em Riad caiu 1,2%, enquanto as ações no Catar e no Kuwait também cediam. No Egito, o índice EGX30 chegou a cair até 5,4%.

Os ataques do Hamas marcam a maior ofensiva a Israel em décadas e ameaçam se transformar em um conflito mais amplo. O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu declarou que seu país vai lançar uma campanha militar prolongada contra o grupo e expressou confiança de que Israel vencerá.

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O presidente Joe Biden prometeu apoio “absolutamente sólido” dos Estados Unidos a Israel.

O conflito ocorre em um momento de sensibilidade diplomática e também de divisão histórica dentro de Israel em relação à coalizão de Netanyahu com a extrema direita de Israel e seus esforços para reformar o sistema judiciário da nação.

A moeda local, o shekel israelense, caiu para uma mínima de sete anos nos últimos dias, antes da reabertura programada do parlamento de Israel ainda neste mês.

“As divisões na política e na estrutura de segurança de Israel serão disfarçadas enquanto a resposta militar em Gaza estiver em andamento, mas não desaparecerão”, disse Hasnain Malik, estrategista baseado em Dubai na Tellimer, uma empresa de pesquisa e dados sobre mercados emergentes para investidores.

“Isso permanecerá uma vulnerabilidade para todos os preços dos ativos israelenses.”

Fuente: Bloomberg

As fortes perdas nas ações israelenses chamaram a atenção dos investidores para as regras de suspensão de negociação da Bolsa de Tel Aviv. Uma queda de 8% no índice TA-35 resulta em uma parada de 30 minutos, o chamado “circuit breaker”.

Além disso, as regras estabelecem que uma queda de 12% levaria ao fechamento do dia, a menos que a bolsa decida de outra forma.

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A guerra em Gaza terá um efeito maior nos mercados israelenses do que operações militares anteriores, diz Ori Greenfeld, estrategista-chefe da Psagot Investment House. Se os combates se espalharem, a economia de Israel provavelmente será prejudicada por uma queda no consumo privado e nos investimentos privados e públicos, disse.

“Se Israel precisar tomar decisões que não estão necessariamente alinhadas com a comunidade internacional, também pode haver uma queda nos investimentos internacionais e nas relações comerciais de Israel com diferentes países”, disse Greenfeld. “Isso também pode afetar o shekel, que esperamos que se enfraqueça.”

As incursões do Hamas atingiram Israel em um momento frágil. Os esforços de Netanyahu para enfraquecer o sistema judiciário desencadearam protestos em massa e preocuparam investidores estrangeiros. O shekel já é uma das moedas que mais perderam valor este ano em um grupo de 31 moedas principais rastreadas pela Bloomberg.

Os planos de Netanyahu para uma maior integração regional com vizinhos árabes e muçulmanos também enfrentam um teste severo. Israel está negociando com os Estados Unidos e a Arábia Saudita um acordo complexo de três vias no qual Washington ofereceria garantias de segurança a Riade.

Os sauditas, por sua vez, normalizariam as relações com Israel. Israel também tem conversado com a Turquia e outros países sobre exportações de gás para a Europa, juntamente com traders da Ásia. “O risco regional aumenta por um tempo”, disse Malik, da Tellimer.

Os combates deixaram centenas de mortos em ambos os lados. A Palestina suspendeu a negociação em sua bolsa de valores neste domingo, citando “condições de segurança nos territórios palestinos”, e reabrirá na segunda-feira (9).

-- Com a colaboração de Srinivasan Sivabalan.

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