Ações da Vivara eliminam ganho anual após volta surpresa de fundador como CEO

Papéis da varejista de joias chegaram a cair para R$ 23,91 nesta terça, o nível intradiário mais baixo desde maio de 2023

Loja da Vivara, uma das maiores redes de joias do país, listada na bolsa
Por Leda Alvim
19 de Março, 2024 | 02:15 PM

Bloomberg — Uma mudança repentina na gestão da Vivara (VIVA3) pegou investidores de surpresa e eliminou quase um ano de ganhos das ações em apenas dois dias.

A empresa, uma das maiores varejistas de joias do Brasil, viu suas ações despencarem até 9,5% nesta terça-feira (19), somando-se à queda de 14% na sessão anterior, com a notícia de que seu fundador Nelson Kaufman está de volta para a função de CEO. No fechamento, a queda ficou em 4,13%.

Durante teleconferência com investidores e analistas na segunda-feira (18), Kaufman destacou seus planos de expansão internacional e contou como planeja implementar mudanças nas estratégias da empresa para ter uma gestão que considera mais pragmática nas lojas físicas.

“Com o retorno de Nelson, surgem preocupações com a governança da empresa e os planos de internacionalização”, disse Priscila Araújo, gestora da O3 Capital.

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“A empresa estava indo bem e tem muito a entregar e conquistar no mercado local. Essa internacionalização, além de questionável, pode tirar o foco da companhia.”

As ações chegaram a cair para R$ 23,91 nesta terça-feira, o nível intradiário mais baixo desde maio de 2023.

Gráfico: ações da Vivara despencam na B3

Kaufman disse na teleconferência que não colocaria em risco mais de 5% dos lucros da Vivara antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) em seu plano de expansão internacional.

A empresa desapontou as estimativas de Ebitda do mercado dos últimos três trimestres, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A Vivara vai publicar resultados do fechamento de 2023 na quarta-feira (20).

Os papéis da varejista haviam se tornado os preferidos dos investidores – até o final da semana passada, 11 entre 12 analistas monitorados pela Bloomberg recomendavam a compra da ação, o que levou o preço-alvo de consenso para o patamar mais alto já registrado.

A empresa levará tempo para reconstruir a confiança entre os investidores, escreveu Joseph Giordano, analista do JPMorgan (JPM), em nota aos clientes nesta terça.

“Saímos da teleconferência com baixa visibilidade dos próximos capítulos da empresa, enquanto o feedback do mercado em torno da governança e dos riscos de execução em meio a uma potencial alta rotatividade pesou mais do que os aspectos positivos”, escreveu ele.

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