Bloomberg — As ações da Natura tiveram nesta sexta-feira (14) a maior queda desde o início das negociações, em 2004, depois que a empresa de produtos de beleza divulgou resultados de margem que foram prejudicados pela fraqueza dos negócios na Argentina, o que lançou incertezas sobre os próximos dividendos.
A margem Ebitda recorrente para o quarto trimestre foi de 9,1%, uma queda em relação ao ano anterior e abaixo das expectativas dos analistas, que também observaram que a inflação na Argentina prejudicou os resultados trimestrais.
A ação chegou a cair 29% nas negociações de sexta-feira em São Paulo.
Leia também: BID Invest e IFC, do Banco Mundial, compram debêntures da Natura ligadas à Amazônia
“Quando analiso o retorno para o acionista, é muito mais sobre nossa expansão de margem”, disse o diretor financeiro Guilherme Castellan em uma ligação com analistas na sexta-feira. “Isso não nos impede de pagar dividendos, potencialmente, mas isso será baseado na expansão do Ebitda.”
A falha em fornecer guidance mais detalhado também é preocupante, disse Tiago Cunha, gerente de portfólio da Ace Capital.
“A falta de um guidance mais quantitativo por parte da empresa levanta a questão de saber se o efeito é realmente temporário ou se temos uma tendência que será observada nos próximos trimestres”, disse ele.
Leia também: Natura vende The Body Shop para fundo alemão por cerca de US$ 250 milhões
O analista do Citigroup, João Pedro Soares, observou um impacto de R$450 milhões devido ao processo de Chapter 11 (equivalente a recuperação judicial) da Avon. Os potenciais contratempos da integração da Avon são um risco-chave que poderia impedir a empresa de atingir o preço-alvo, escreveu ele em uma nota.
A Natura precisa restaurar a confiança do mercado na empresa, disse Castellan durante uma entrevista coletiva na sexta-feira, após a chamada dos analistas.
“Precisamos voltar a expandir as margens e mostrar a capacidade da empresa de gerar caixa”, disse ele.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também: Avon Products pede proteção contra credores nos EUA e Natura avalia comprar ativos
© 2025 Bloomberg L.P.