Ações asiáticas indicam abertura da semana com ganhos antes da posse de Trump

Conversa considerada positiva entre Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping ajuda a sustentar um sentimento positivo nesta semana que começa também com feriado nos EUA

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Bloomberg — As ações asiáticas subiram no início do pregão desta segunda-feira (20), acompanhando a alta de ativos americanos depois de uma conversa considerada construtiva entre Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping antes da posse do presidente eleito dos Estados Unidos.

Os futuros de ações na Austrália, no Japão e em Hong Kong apontaram para ganhos iniciais, enquanto um indicador de ações chinesas listadas nos EUA saltou 3,2% na sexta-feira (17).

Trump descreveu a conversa como “muito boa” entre os dois líderes. Os mercados estarão fechados nos EUA na segunda-feira devido a um feriado.

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Trump e o presidente chinês Xi Jinping discutiram temas como comércio exterior, TikTok e fentanil, o que pode definir o tom das relações nos primeiros dias do novo governo.

Além do sentimento positivo, o TikTok começou a restaurar o serviço nos EUA neste domingo (19), depois que Trump disse que suspenderia por três meses a aplicação de uma lei que exige que o proprietário chinês do aplicativo, a Bytedance, encontre um comprador.

Ainda assim, os investidores se preparam para os primeiros dias do segundo mandato de Trump, depois que ele reiterou seu foco nas prioridades, como corte de impostos e aumento de tarifas, o que poderia levar a guerras comerciais mais prolongadas.

Os investidores também estão preocupados com a forma como a ação sobre a imigração afetará a economia dos EUA e temem o aumento das tensões geopolíticas, com o novo presidente já mirando alguns aliados tradicionais dos EUA, como Canadá, México e Europa.

“O telefonema amigável entre Trump e Xi, embora seja apenas um alívio temporário em meio a uma competição estratégica irrevogável, é um combustível extra para reacender a alta das ações”, disse Kyle Rodda, analista sênior da Capital em Melbourne.

"É particularmente revelador o fato de que os índices asiáticos devem abrir mais firmes hoje por causa das notícias, depois de quase não terem se movimentado após dados de crescimento chinês muito mais fortes do que o esperado na sexta-feira."

Antes da posse de Trump, os bancos comerciais da China anunciarão suas taxas básicas de juros para empréstimos de um e cinco anos, dado que a segunda maior economia do mundo sofre com a fraqueza crônica da demanda doméstica.

A taxa provavelmente ficará em espera pelo terceiro mês consecutivo, já que o Banco Popular da China pode estar relutante em reduzir as taxas de política no curto prazo devido à pressão sobre o yuan, de acordo com a Bloomberg Intelligence.

Os traders também aguardam a decisão de política monetária do Banco do Japão (BOJ) na sexta-feira (24) - cerca de três quartos dos economistas em uma pesquisa da Bloomberg esperam que o banco aumente sua taxa básica. Os swaps de índice overnight mostraram até 99% de chance de aumento.

As autoridades do BOJ também veem uma boa chance de um aumento da taxa, desde que Trump não provoque muitas surpresas negativas imediatas, informou a Bloomberg na quinta-feira (16), citando pessoas familiarizadas com o assunto.

Uma provável revisão para cima das previsões de preços e expectativas robustas de crescimento salarial estão entre os fatores que favorecem um movimento, disseram as pessoas.

Dólar forte

O indicador Bloomberg do dólar subiu mais de 5% nas 10 semanas desde o dia da eleição, apenas para interromper sua alta de seis semanas na sexta-feira.

Os avanços foram semelhantes aos ganhos registrados após a vitória de Trump em 2016. A base do movimento é uma fraqueza correspondente nas moedas globais consideradas em risco pelas políticas econômicas de Trump, incluindo o euro e o dólar canadense.

O peso mexicano, a moeda favorita dos traders para apostar contra antes da votação, enfraqueceu mais de 3% em relação ao dólar desde a eleição - ainda que, na verdade, tenha se saído melhor do que a maioria de seus 31 principais pares monitorados pela Bloomberg.

O yuan da China, por sua vez, também perdeu mais de 3% em relação ao dólar desde 5 de novembro, tanto nas negociações onshore quanto offshore, devido aos riscos tarifários e ao aumento da diferença entre os rendimentos dos títulos públicos dos EUA e da China.

O Banco Popular da China utilizou várias ferramentas para apoiar a moeda, e as expectativas de desvalorização foram reduzidas desde o pico no início de dezembro.

- Este artigo foi produzido com a ajuda da Bloomberg Automation.

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