Bloomberg — Uma nova queda nas cotações da Tesla (TSLA) na sexta-feira (7) encerrou - por enquanto - uma viagem de ida e volta de proporções épicas nas ações da empresa de Elon Musk.
A expectativa de que a fabricante de veículos elétricos se beneficiaria do relacionamento próximo do seu fundador e com o presidente Donald Trump fez com que suas ações fossem uma das que mais ganharam após a eleição presidencial americana de 5 de novembro.
Essa aposta, no entanto, não foi páreo para a crescente preocupação de investidores em relação ao principal negócio da Tesla, a venda de carros.
As ações da Tesla chegaram a caíram 4,6% na sexta-feira (7), a caminho de apagar todo o seu avanço pós-eleitoral de US$ 700 bilhões. No fim, reduziu as perdas para 0,30%, de volta ligeiramente acima do patamar em que estava no último fechamento antes da eleição.
O market cap atual está na casa de US$ 820 bilhões, cerca de 45% abaixo do pico em 17 de dezembro passado.
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O declínio vem junto com uma série de golpes que abalaram a confiança dos investidores nas últimas semanas, desde um relatório de janeiro mostrando que as vendas caíram pela primeira vez em uma década no último trimestre até evidências mais recentes de que a Tesla perde sua posição dominante na Europa e na China.
Alguns investidores também ficaram preocupados com o fato de a incursão de Musk na política ter se tornado uma distração de seu trabalho como CEO da gigante dos veículos elétricos.
“A aposta na alta das ações da Tesla devido ao envolvimento político de Musk não deu certo até agora”, disse Adam Sarhan, fundador da 50 Park Investments.
“Os investidores que inicialmente previram benefícios massivos com o envolvimento político de Musk ficaram muito entusiasmados, e agora as cabeças mais frias estão prevalecendo.”

O ambiente mais amplo do mercado de capitais também se mostra um vento contrário, com o frenesi especulativo que levou as ações a recordes de alta após a eleição sufocado por preocupações com os impactos da política comercial e com o crescimento econômico dos EUA.
O S&P 500 perdeu mais de 7% em relação à sua alta, enquanto o Nasdaq 100 caiu em um território de correção com uma queda acima de 10% em relação ao recorde de alta de 16 de dezembro.
Na terça-feira (4), o analista John Murphy, do Bank of America, reduziu seu preço-alvo para as ações da Tesla de US$ 490 para US$ 380, observando as preocupações com as vendas de carros novos, a falta de notícias sobre um possível modelo de baixo custo e o risco para o lançamento do robotáxi da empresa.
Com certeza, o rápido declínio das ações da Tesla as empurrou para o que os seguidores de gráficos chamam de zona de sobrevenda, abrindo caminho para uma possível recuperação de curto prazo, de acordo com alguns analistas técnicos.
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Os catalisadores podem incluir sinais de que as vendas voltaram a subir, uma atualização da empresa sobre seu robotáxi ou um retorno do apetite pelo risco nos mercados acionários.
Ainda assim, qualquer potencial recuperação também teria que superar a inquietação dos investidores com relação ao valuation e aos múltiplos da empresa: a Tesla é negociada a 88 vezes o lucro futuro, em comparação com 21 vezes do índice S&P 500.
“O índice preço/lucro futuro da Tesla ainda está muito próximo de 90″, disse Matt Maley, estrategista-chefe de mercado da Miller Tabak + Co. “Portanto, as ações ainda estão muito caras.”
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