Bloomberg — O presidente chinês, Xi Jinping, promoveu a ideia de uma “família asiática” e pediu unidade regional durante uma viagem ao Sudeste Asiático, em um aparente esforço para conter a pressão dos Estados Unidos sobre as nações para que limitem os laços comerciais com Pequim.
Xi desembarcou em Phnom Penh, no Camboja, nesta quinta-feira (17), dando início à última etapa de sua viagem por três países, enquanto o governo de Donald Trump se prepara para buscar a cooperação de parceiros comerciais no cerco a Pequim.
O líder chinês enfatizou a solidariedade num discurso em um jantar de Estado na Malásia no dia anterior, quando as duas nações assinaram acordos abrangentes, um sinal do aprofundamento dos laços econômicos.
“A China e a Malásia apoiarão os países da região para combater as correntes ocultas do confronto geopolítico e baseado em blocos”, disse Xi em Putrajaya, capital administrativa do país. “Juntos, salvaguardaremos as brilhantes perspectivas da nossa família asiática.”
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O impulso diplomático foi reforçado por uma declaração conjunta divulgada na quinta-feira, na qual China e Malásia concordaram em fortalecer a colaboração nas áreas de indústria, cadeias de suprimentos, dados e talentos.
Comprometeram-se a implementar seu Programa Quinquenal de Cooperação Econômica e Comercial e a construir uma “comunidade estratégica de alto nível entre Malásia e China”.
“China e Malásia estarão ao lado dos países da região para combater as correntes ocultas de confronto geopolítico e baseado em blocos”, disse Xi na capital administrativa da Malásia, Putrajaya. “Juntos, salvaguardaremos as brilhantes perspectivas da nossa família asiática.”
Em outra crítica velada aos EUA, o líder chinês reiterou seu apelo ao combate ao unilateralismo em um artigo publicado na quinta-feira na mídia cambojana, antes de sua chegada à capital.
“Juntos, devemos nos opor ao hegemonismo e à política de poder”, escreveu ele, acrescentando que os dois vizinhos devem se opor resolutamente a quaisquer tentativas de forças externas de interferir em nossos assuntos internos e semear a discórdia.”
Os comentários de Xi foram feitos num momento em que Pequim enfrenta uma guerra comercial crescente com os Estados Unidos.
A Bloomberg News informou que Washington se prepara para pedir aos países que tomem medidas para limitar o poderio industrial da China, incluindo a imposição das chamadas tarifas secundárias sobre produtos chineses, em troca de concessões tarifárias.
Tanto a China quanto os EUA parecem estar se mantendo firmes depois que Trump elevou as tarifas sobre produtos chineses para até 145%, e Pequim retaliou com tarifas de cerca de 125% sobre as importações dos EUA.
Xi fez do Sudeste Asiático o destino de sua primeira viagem internacional do ano, em uma tentativa de impedir que os países fechem acordos com os Estados Unidos às custas de sua nação.
Apesar de um adiamento de 90 dias, as ameaças de Trump de aumentos tarifários drásticos forçaram muitos governos da região a trilhar uma linha tênue entre as duas potências.
Em uma demonstração do sucesso diplomático inicial de Xi, o Ministério das Relações Exteriores da China publicou uma nota sugerindo que ele conta com total apoio da Malásia.
O primeiro-ministro Anwar Ibrahim elogiou Xi como um “líder extraordinário” e expressou oposição à independência de Taiwan, a democracia autônoma reivindicada por Pequim.
Anwar também afirmou que os membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) “não apoiarão tarifas comerciais unilaterais”, já que seu país ocupa a presidência rotativa do bloco, de acordo com o comunicado chinês.
A viagem regional de Xi começou no Vietnã na segunda-feira, quando líderes vietnamitas lhe deram calorosas boas-vindas e assinaram 45 acordos para fortalecer os laços econômicos.
Hanói divulgou um comunicado conjunto afirmando que os dois lados “se opõem ao unilateralismo” e a quaisquer ações que coloquem em risco a paz e a estabilidade regionais — mantendo, em grande parte, a linguagem usada no passado.
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