Bloomberg — Wall Street espera que o Fundo Monetário Internacional empreste à Argentina até US$ 20 bilhões em um novo programa que marcaria outro selo de aprovação para a campanha de austeridade do presidente Javier Milei.
Bancos como o UBS, Morgan Stanley e Bank of America veem o possível empréstimo incluindo algo entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões em desembolsos para 2025, enquanto a Argentina não precisa fazer o pagamento do principal ao FMI até o próximo ano pelo empréstimo anterior. Em teoria, esse dinheiro aumentaria as reservas do banco central da Argentina o suficiente para, eventualmente, começar a suspender os controles de moeda e capital.
Os investidores estão de olho em como o governo de Milei pretende usar os fundos, bem como em como e quando desmantelará os controles. Até o momento, o presidente disse que seu governo usaria o dinheiro do FMI para pagar a dívida do tesouro argentino com o banco central, em um esforço para limpar o balanço patrimonial da autoridade monetária.
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“Há potencial para surpresas positivas na magnitude do acordo e no cronograma de desembolsos”, disse Alejo Czerwonko, diretor de investimentos para mercados emergentes das Américas do UBS, em um relatório na segunda-feira. “Poderíamos ver até US$ 20 bilhões, incluindo US$ 8 bilhões em novos fundos, cobrindo os pagamentos do principal e dos juros ao FMI durante o restante do mandato de Milei.”
As negociações entre o governo de Milei e o FMI parecem estar chegando aos estágios finais depois que o argentino disse ao Congresso, em um discurso no sábado, que buscará seu apoio para o próximo programa “nos próximos dias”, sem fornecer detalhes específicos. Esse seria o terceiro programa do FMI para a Argentina desde 2018, já que os dois acordos anteriores não conseguiram estabilizar a economia propensa à crise.
Embora estejam entre os piores desempenhos dos mercados emergentes até o momento este ano, os títulos soberanos da Argentina se recuperaram esta semana após o discurso de Milei aos legisladores. As notas de referência com vencimento em 2035 foram negociadas pela última vez na quarta-feira a cerca de 65 centavos de dólar, de acordo com dados indicativos de preços compilados pela Bloomberg.
Os gestores de fundos “podem estar subestimando a possibilidade de que a Argentina concorde com uma consolidação fiscal adicional” como parte de um acordo com o FMI, disseram estrategistas do Bank of America, incluindo Lucas Martin, em um relatório de 27 de janeiro aos investidores.
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O programa de ajuda de US$ 44 bilhões do país expirou no final de 2024, e os pagamentos do principal ao FMI não começam até setembro de 2026, razão pela qual o governo Milei pretende fechar um novo acordo este ano. O FMI confirmou em dezembro que as negociações sobre um novo empréstimo estavam em andamento depois que Milei optou por não concluir as revisões finais do acordo que herdou de seu antecessor.
Um novo programa deixaria o presidente e sua equipe mais perto de devolver a nação sul-americana aos mercados de capitais internacionais depois que ela renegou os pagamentos da dívida soberana em 2020, marcando o nono calote na história da Argentina.
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