Bloomberg — Os Estados Unidos deram um primeiro passo para aliviar sanções que sufocaram as exportações de petróleo da Venezuela, e a produção do país pode aumentar em 200.000 barris por dia, um salto de 25%. Esse é o consenso entre vários analistas, caso a maior parte das sanções seja eliminada.
Por enquanto, o alívio é temporário. Transações envolvendo o setor de petróleo e gás do país foram autorizadas por seis meses. Mas é um grande passo, que permitirá que entidades americanas comprem petróleo venezuelano pela primeira vez em anos e tornará as exportações mais palatáveis para o mercado global.
No entanto, resta saber a rapidez com que a produção do país pode aumentar e que efeito isso terá sobre o mercado global, que precisa de mais oferta à medida que aumentam as tensões geopolíticas.
A perspectiva de mais suprimentos da Venezuela, que é membro da Opep e já foi a maior fornecedora externa das refinarias americanas, levou a um recuo das cotações de petróleo em Nova York e Londres nesta quinta-feira (19).
Alguns analistas preveem que a produção poderá aumentar rapidamente em 2024, e os mais otimistas esperam um aumento dentro de seis meses. Importações dos diluentes que o país precisa para misturar com o seu petróleo pesado serão fundamentais para ajudar a Venezuela a aumentar a produção.
O ritmo final, no entanto, dependerá “de como for o pacote de flexibilização das sanções”, disse Fernando Ferreira, diretor do serviço de risco geopolítico da Rapidan.
O Departamento do Tesouro dos EUA anunciou o alívio das sanções na quarta-feira (18), em resposta à assinatura de um acordo eleitoral entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição.
As exportações de petróleo da Venezuela para os EUA foram interrompidas no início de 2019, quando o Tesouro americano impôs sanções à estatal Petróleos de Venezuela, conhecida como PDVSA. Naquela época, o país exportava quase 365.000 barris por dia para os EUA.
A produção atual da Venezuela é de cerca de 750.000 a 800.000 barris por dia. Não chega, contudo, perto dos 3 milhões de barris por dia que faziam da Venezuela uma força global no mercado de petróleo na década de 90, mas já é bem mais do que os 374.000 a que chegou em meados de 2020.
As empresas que prestam serviços à PDVSA estão otimistas. Alguns preveem um aumento de 200.000 a 250.000 barris por dia já no próximo ano. Elas dizem que a recuperação dependerá mais de uma retomada da infraestrutura em torno dos poços existentes.
“Podemos facilmente adicionar 200.000 a 250.000 barris por dia, porque já temos a infraestrutura instalada”, disse Alexis Medina, prestador de serviço a PDVSA e membro da Câmara Petrolífera da Venezuela. “A história prova isso.”
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