Bloomberg Línea — A Venezuela expulsou o quadro diplomático de sete países da América do Sul e América Central na tarde desta segunda-feira (29), informou o chanceler do país, Yván Gil, por meio de um comunicado de imprensa.
A decisão da retirada dos diplomatas ocorre horas depois que alguns governantes não reconheceram os resultados eleitorais de domingo (28), segundo os quais Maduro supostamente saiu vencedor. Outros mandatários da região pediram uma contagem de votos transparente.
“A República Bolivariana da Venezuela expressa seu mais firme repúdio às ações e declarações intervencionistas de um grupo de governos de direita (...) que pretendem refutar os resultados eleitorais das eleições presidenciais”, diz a carta publicada pelo chanceler venezuelano.
O documento alega uma suposta ingerência dos países da região na soberania venezuelana e ordena a retirada de toda equipe diplomática da Venezuela das missões de Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai. Além disso, o regime exige que esses governos retirem imediatamente seus representantes do território venezuelano.
O comunicado não informa o prazo para a retirada, nem detalha se a decisão é temporária ou permanente.
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#Comunicado 📢 Venezuela expresa su más firme rechazo ante las injerencistas acciones y declaraciones de un grupo de gobiernos de derecha, subordinados a Washington y comprometidos abiertamente con los más sórdidos postulados ideológicos del fascismo internacional, tratando… pic.twitter.com/l0dAaNSnEA
— Yvan Gil (@yvangil) July 29, 2024
Horas antes do anúncio, Nicolás Maduro foi proclamado presidente eleito da Venezuela pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que não apresentou os resultados eleitorais com a apuração de 100% das mesas. A oposição, liderada pela ex-deputada María Corina Machado e o candidato Edmundo González, anunciaram a vitória sobre o chavismo com 70% dos votos a favor, baseando-se em uma contagem própria.
“Quando um governo decide retirar o quadro diplomático de um país, pode-se interpretar que está rompendo relações, o que, neste caso em particular, ocorre pelo não reconhecimento da reeleição de um mandatário”, disse Manuel Camilo González, professor de relações internacionais da Pontificia Universidad Javeriana, da Colômbia.
González diz que a retirada do quadro diplomático também pode ocorrer por razões de segurança, no caso de manifestantes se aproximarem de embaixadas e colocarem a segurança de diplomatas em risco.
O presidente da Argentina, Javier Milei, acusou abertamente Nicolás Maduro de fraude eleitoral e, além disso, abriu as portas aos venezuelanos que desejem sair do país após os resultados das eleições.
“Nem ele acredita na fraude eleitoral que comemora. A República Argentina tampouco. Não reconhecemos a fraude (...). As portas da nossa Pátria estão abertas para todo homem que escolha viver em liberdade”, escreveu Milei em sua conta na rede social X (ex-Twitter).
O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, juntou-se aos líderes da região ao se pronunciar sobre as eleições na Venezuela. Embora não tenha refutado os resultados, ele suspendeu as relações diplomáticas até que as atas de apuração sejam publicadas.
“O governo do Panamá anuncia a retirada do pessoal diplomático da Venezuela e coloca em suspensão as relações diplomáticas até que uma revisão completa das atas seja realizada”, afirmou o presidente panamenho.
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