UE prevê impacto de € 28 bi nas exportações com tarifas de aço e alumínio de Trump

Fontes ouvidas pela Bloomberg News avaliam que o impacto poderia ser quatro vezes maior do que a última vez que Trump visou o setor de metais do bloco

Bloco estima uma escalada maciça na guerra comercial do presidente dos EUA
Por Jorge Valero - Alberto Nardelli
22 de Fevereiro, 2025 | 04:59 PM

Bloomberg — A União Europeia estima que a primeira onda de tarifas de aço e alumínio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, atingirá até € 28 bilhões das exportações do bloco, no que seria uma escalada maciça na guerra comercial.

A quantidade de mercadorias - que a UE avalia que também incluirá produtos derivados - seria cerca de quatro vezes maior do que a última vez que Trump visou o setor de metais do bloco, de acordo com pessoas familiarizadas com a avaliação da UE ouvidas pela Bloomberg News.

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O chefe de comércio do bloco, Maros Sefcovic, informou os embaixadores da UE sobre a tarifa na sexta-feira (21) após sua visita a Washington para se reunir com seus colegas americanos.

Ele advertiu que a situação está em desenvolvimento e que os detalhes e o escopo de quaisquer tarifas ainda podem mudar, disseram as pessoas, que falaram sob condição de anonimato.

Leia mais: Trump confirma tarifa de 25% sobre aço e alumínio que começará a valer em 12 de março

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Como parte de seu esforço para reescrever as regras do comércio global, Trump anunciou uma série de taxas, incluindo tarifas de 25% sobre as exportações de aço e alumínio, que podem entrar em vigor já em 12 de março.

Ele também anunciou tarifas recíprocas com base nas políticas de parceiros que são vistos como obstáculos ao comércio dos EUA.

A Comissão Europeia, que tem autoridade sobre as ações comerciais da UE, não quis comentar.

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Para a UE, a luta contra as tarifas americanas sobre metais começou em 2018, durante o primeiro mandato de Trump, quando os EUA atingiram quase US$ 7 bilhões em exportações europeias de aço e alumínio com tarifas, citando preocupações com a segurança nacional.

Na época, as autoridades de Bruxelas zombaram da ideia de que a UE representava uma ameaça desse tipo.

Na primeira investida, os EUA impuseram tarifas de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio, incluindo isenções para determinados produtos. A Bloomberg informou anteriormente que, desta vez, nenhuma isenção foi planejada.

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O bloco de 27 países reagiu visando empresas politicamente sensíveis com tarifas retaliatórias, incluindo as motocicletas Harley-Davidson e os jeans Levi Strauss.

As medidas foram aplicadas produto por produto e incluíram produtos agrícolas e vestuário, além de produtos de aço e alumínio.

Os dois lados concordaram com uma trégua temporária em 2021, quando os EUA removeram parcialmente suas medidas e introduziram um conjunto de cotas tarifárias acima das quais são aplicadas tarifas sobre os metais, enquanto a UE congelou todas as suas medidas restritivas.

A UE afirmou que responderia de forma rápida e proporcional às tarifas dos EUA e poderia reativar, como primeira medida, as listas anteriormente suspensas.

A comissão vem preparando várias listas com diferentes setores e mercadorias visadas com o princípio de causar mais danos ao lado americano, inclusive em círculos eleitorais sensíveis, informou a Bloomberg anteriormente.

A comissão disse que o descongelamento das tarifas suspensas, que estão em pausa até o final de março, poderia ser feito rapidamente.

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Sefcovic se reuniu na semana passada com o Secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, Jamieson Greer, seu escolhido para representante comercial dos EUA, e o Diretor do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hassett.

Segundo as fontes ouvidas pela Bloomberg News, Sefcovi disse aos enviados da UE que a atmosfera era positiva, mas que nenhuma negociação havia sido conduzida ainda.

Sefcovic disse que usou a reunião como um primeiro ponto de contato para abrir os canais de comunicação e tentar desmentir as alegações dos americanos que ele disse serem falsas, incluindo a de que o imposto sobre valor agregado da Europa é injusto para os EUA, disseram eles.

A fim de evitar um conflito comercial, Sefcovic ofereceu a seus colegas americanos um acordo para reduzir as tarifas sobre produtos industriais, incluindo automóveis, uma das exigências de longa data de Trump.

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