Trump intensifica esforço para desmantelar políticas de diversidade nas empresas

Ordens executivas do presidente eliminam as políticas de diversidade e inclusão em órgãos federais e pedem a investigação sobre as práticas nas companhias do país

Donald Trump
Por Emily Flitter
22 de Janeiro, 2025 | 06:31 PM

Bloomberg — O presidente Donald Trump intensificou seu ataque contra as políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI, na sigla em inglês) no setor privado, visando empresas que prestam serviços ao governo federal e companhias de capital aberto por práticas que ele rotulou de “perigosas, humilhantes e imorais”.

Uma ordem executiva emitida no final da terça-feira (21) expandiu a diretriz do presidente de banir as políticas de diversidade do governo e pede a todos os órgãos federais que identifiquem até nove possíveis investigações de conformidade civil no setor privado, incluindo empresas de capital aberto.

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A ordem orienta os órgãos públicos a incentivar as empresas e outros grupos a acabar com “a discriminação e as preferências ilegais das políticas DEI”.

A medida do governo para limitar as preferências de diversidade em contratos federais pode forçar grandes empresas com contratos com o governo dos EUA, como a Lockheed Martin (LMT), a Boeing (BA) e a General Dynamics (GD), a certificar que quaisquer iniciativas voltadas para a diversidade que possam ter estão em conformidade com a lei federal.

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O presidente Trump também revogou uma ordem de 1965 assinada pelo presidente Lyndon B. Johnson para proteger os trabalhadores contra a discriminação baseada em raça, cor, religião, sexo, orientação sexual, identidade de gênero ou origem nacional por parte do governo e das empresas contratadas.

A ordem também exigia medidas afirmativas, como ampliar o alcance dos anúncios de emprego, para contratar pessoas de grupos desfavorecidos a fim de compensar injustiças passadas contra eles.

Porém, grande parte dessas medidas era redundante, espelhando o Título VII da Lei de Direitos Civis de 1964, e os especialistas disseram que raramente foram aplicadas nas últimas três décadas.

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A ordem de Trump na terça-feira declarou que as políticas de diversidade e inclusão destinadas a promover grupos sub-representados podem violar as leis federais de direitos civis que protegem contra a discriminação com base nesses fatores.

Esse é um dos argumentos que os ativistas têm usado para contestar programas corporativos e outros programas de diversidade e inclusão desde que a Suprema Corte proibiu a ação afirmativa em admissões universitárias em 2023.

Uma série de empresas dos EUA, incluindo McDonald’s (MCD), Meta Platforms (META) e a Walmart (WMT), modificaram ou eliminaram programas de diversidade nos últimos meses, enquanto Trump fazia campanha com a promessa de livrar o país das práticas DEI.

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Linda Friedman, sócia-fundadora da Stowell & Friedman, um escritório de advocacia especializado em casos de discriminação, disse que, muitas vezes, as políticas de inclusão das empresas são um eufemismo para o trabalho de remediação para a exclusão e maus-tratos de grupos minoritários.

Mesmo quando o esforço não tem como objetivo corrigir os erros cometidos no passado por uma empresa, disse ela, “ele não favorece nenhum grupo, mas amplia o grupo”.

Trump pediu aos órgãos federais que também examinassem as práticas de diversidade em grandes organizações e fundações sem fins lucrativos, bem como em universidades com fundos patrimoniais superiores a US$ 1 bilhão para possíveis investigações de conformidade civil.

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Em meio a uma reação cada vez mais forte contra as políticas de diversidade, equidade e inclusão, Trump não perdeu muito tempo para cumprir a promessa que fez aos seus apoiadores.

Ele assinou ordens executivas nas primeiras horas de seu novo mandato como presidente para acabar com os esforços de inclusão no governo federal, encerrar programas de diversidade e remover escritórios e cargos relacionados.

Desfazendo Biden

Trump também rescindiu mais de uma dúzia de ordens executivas relacionadas a políticas de diversidade do governo do ex-presidente Joe Biden, incluindo uma que buscava anular a proibição do próprio Trump de que o governo federal e seus contratados treinassem funcionários sobre preconceito racial.

Os funcionários federais que atuam nos programas de diversidade serão colocados em licença remunerada a partir desta quarta-feira (22), pois os escritórios relacionados a esses programas estão sendo obrigados a fechar após as ordens executivas do presidente Donald Trump, confirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, em um post na rede social X.

Não está claro quantas pessoas seriam afetadas.

De acordo com um memorando do Office of Personnel Management (Escritório de Gestão de Pessoal), as agências também foram instruídas a cancelar os treinamentos de diversidade e inclusção e rescindir os contratos relacionados, além de retirar do ar sites e contas de mídia social de escritórios federais voltados para as políticas.

As agências teriam uma semana para apresentar um plano por escrito para remover esses funcionários da força de trabalho federal.

O memorando também dizia que “estamos cientes dos esforços de alguns membros do governo para disfarçar esses programas usando linguagem codificada ou imprecisa” e pedia que as agências deveriam relatar esses casos ou sofrer “consequências adversas”.

-- Com a colaboração de Hadriana Lowenkron, Stephanie Lai, Derek Wallbank, John Harney e Janine Phakdeetham.

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